Tuesday, January 31, 2006

O Careca Dourado, versão 2006

Ainda que este blog não se faça exactamente de notícias como esta, as nomeações aos Oscar deste ano deixaram-me de tal forma bem disposto que não resisto a divulgá-las aqui, junto com uma apreciação minha acerca delas:
ACTOR PRINCIPAL
Philip Seymour Hoffman - CAPOTE
Terrence Howard - HUSTLE & FLOW
Heath Ledger - BROKEBACK MOUNTAIN
Joaquin Phoenix - WALK THE LINE
David Strathairn - GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.

ACTOR SECUNDÁRIO
George Clooney - SYRIANA
Matt Dillon - CRASH
Paul Giamatti - CINDERELLA MAN
Jake Gyllenhaal - BROKEBACK MOUNTAIN
William Hurt - A HISTORY OF VIOLENCE

ACTRIZ PRINCIPAL
Judi Dench - MRS. HENDERSON PRESENTS
Felicity Huffman - TRANSAMERICA
Keira Knightley - PRIDE & PREJUDICE
Charlize Theron - NORTH COUNTRY
Reese Witherspoon - WALK THE LINE

ACTRIZ SECUNDÁRIA
Amy Adams - JUNEBUG
Catherine Keener - CAPOTE
Frances McDormand - NORTH COUNTRY
Rachel Weisz - THE CONSTANT GARDENER
Michelle Williams - BROKEBACK MOUNTAIN

FILME DE ANIMAÇÃO
HOWL'S MOVING CASTLE
TIM BURTON'S CORPSE BRIDE
WALLACE & GROMIT IN THE CURSE OF THE WERE-RABBIT

DIRECÇÃO ARTÍSTICA
GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.
HARRY POTTER AND THE GOBLET OF FIRE
KING KONG
MEMOIRS OF A GEISHA
PRIDE & PREJUDICE

FOTOGRAFIA
BATMAN BEGINS
BROKEBACK MOUNTAIN
GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.
MEMOIRS OF A GEISHA
THE NEW WORLD

GUARDA-ROUPA
CHARLIE AND THE CHOCOLATE FACTORY
MEMOIRS OF A GEISHA
MRS. HENDERSON PRESENTSPRIDE & PREJUDICE
WALK THE LINE

REALIZAÇÃO
BROKEBACK MOUNTAIN
CAPOTE
CRASH
GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.
MUNICH

DOCUMENTÁRIO (LONGA-METRAGEM)
DARWIN'S NIGHTMARE
ENRON: THE SMARTEST GUYS IN THE ROOM
MARCH OF THE PENGUINS
MURDERBALL
STREET FIGHT

DOCUMENTÁRIO (CURTA METRAGEM)
THE DEATH OF KEVIN CARTER: CASUALTY OF THE BANG BANG CLUB
GOD SLEEPS IN RWANDA
THE MUSHROOM CLUB
A NOTE OF TRIUMPH: THE GOLDEN AGE OF NORMAN CORWIN

EDIÇÃO
CINDERELLA MAN
THE CONSTANT GARDENER
CRASH
MUNICH
WALK THE LINE

FILME DE LÍNGUA NÃO INGLESA
DON'T TELL
JOYEUX NOèL
PARADISE NOW
SOPHIE SCHOLL - THE FINAL DAYS
TSOTSI

CARACTERIZAÇÃO
THE CHRONICLES OF NARNIA: THE LION, THE WITCH AND THE WARDROBE
CINDERELLA MAN
STAR WARS: EPISODE III REVENGE OF THE SITH

MÚSICA (BANDA SONORA ORIGINAL)
BROKEBACK MOUNTAIN
THE CONSTANT GARDENER
MEMOIRS OF A GEISHA
MUNICH
PRIDE & PREJUDICE

MÚSICA (CANÇÃO ORIGINAL)
"In the Deep" - CRASH
"It's Hard Out Here for a Pimp" - HUSTLE & FLOW
"Travelin' Thru" - TRANSAMERICA

FILME
BROKEBACK MOUNTAIN
CAPOTE
CRASH
GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.
MUNICH

CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
BADGERED
THE MOON AND THE SON: AN IMAGINED CONVERSATION
THE MYSTERIOUS GEOGRAPHIC EXPLORATIONS OF JASPER MORELLO
9
ONE MAN BAND

CURTA-METRAGEM DE IMAGEM REAL
AUSREISSER (THE RUNAWAY)
CASHBACK
THE LAST FARM
OUR TIME IS UP
SIX SHOOTER

EDIÇÃO DE SOM
KING KONG
MEMOIRS OF A GEISHA
WAR OF THE WORLDS

MISTURA DE SOM
THE CHRONICLES OF NARNIA: THE LION, THE WITCH AND THE WARDROBE
KING KONG
MEMOIRS OF A GEISHA
WALK THE LINE
WAR OF THE WORLDS

EFEITOS VISUAIS
THE CHRONICLES OF NARNIA: THE LION, THE WITCH AND THE WARDROBE
KING KONG
WAR OF THE WORLDS

ARGUMENTO ADAPTADO
BROKEBACK MOUNTAIN
CAPOTE
THE CONSTANT GARDENER
A HISTORY OF VIOLENCE
MUNICH

ARGUMENTO ORIGINAL
CRASH
GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.
MATCH POINT
THE SQUID AND THE WHALE
SYRIANA

para já, aqui fica uma primeira apreciação das nomeações aos Óscar.

1) Em primeiro lugar, a minha vénia para a nomeação do regressado (e magnífico) Matt Dillon que, acerta altura, parecia mesmo ter-se já convertido num has been.

2) O Crash é grande e, para minha grande surpresa, não foi esquecido das nomeações. Merece-as inteiramente.

3) Grande surpresa as não-nomeações do Walk The Line nas principais categorias, excepto na de Melhor Actriz e Actor. Parece-me que a Reese Witherspoon levará o Oscar, não apenas pela sua magnífica interpretação, mas também para compensar a falta de nomeações de James Mangold e do filme em si.

4) Capote é muito bom, mas admira-me, sinceramente, um filme deste género merecer tanta atenção por parte da Academia. Aliás, os Oscars deste ano fazem-me muito lembrar determinados festivais de cinema independentes e não uma máquina ao serviço de Hollywood.

5) Goste-se ou não de Spielberg, e eu gosto muito, ele lá está, com o seu Munich. Sejamos sinceros, as nomeações são merecidas mas pergunto-me porquer tardam tanto em dar a devida atenção a um dos melhores actores da sua geração: Eric Bana.

6) George Clooney concorre em três (três!!!!) categorias diferentes - a saber, Actor Secundário em Syriana, Argumento Original e Realização por Good Night, and Good Luck. Rendam-se, definitivamente, àquele que é um dos astros maiores em Hollywood.

7) Brokeback Mountain tem 8 nomeações e merece-as a todas. O filme é muito bom e tanto Ang Lee como os actores são brilhantes.

8) Felicity Huffman lá está, nomeada pelo "seu" Transamérica. Se vencer será muito justo, mas será que o filme chegará a Portugal?

9) Keira Knightley erradia alegria e personalidade na sua actuação em Pride & Prejudice elevando um projecto aparentemente banal à categoria de guity pleasure do ano. A sua nomeação foi uma surpresa que caíu muito bem.

10) The Constant Gardener teve algumas nomeações mas, tendo em conta que é um dos grande filmes do an oi, merecia mais. Onde estão Ralph Fiennes e Fernando Meirelles?

11) Catherine Keener é brilhante e começa a receber a atenção que há muito lhe é devida. Capote trouxe justiça a uma das raínhas do cinema independente.

12) Embora muita gente discorde da minha opinião, considero que Jarhead merecia um pouco mais de atenção por parte da Academia, tal como Lard of War. Nicolas Cage e Jake Gyllenhaal mereciam mais do que tiveram, ainda que o último tenha sido nomeado como Actor Secundário em Brokeback Mountain.

13) Paul Haggis redimiu-se definitivamente por ter criado, em tempos idos, uma coisa chamada Walker, the Texas Ranger. Caso a premiação pelo argumento do bom Million Dollar Baby no ano passado não tenha chegado, a sua nomeação como Realizador e Argumentista por Crash acabam com qualquer dúvida.

14) Alguém tem sempre de ficar de fora mas tenho pena por Matchpoint e A History of Violence que me parecem filmes de eleição. As suas nomeações em categorias menores sabem a pouco.

15) Uma última referência para John Williams que junta à sua interminável lista de nomeações as de Munich e de Memois of a Geisha. Ah, grande homem...

Friday, January 27, 2006

The Public Eye (O Repórter Indiscreto), de Howard Franklin (1992)


Joe Pesci habituou-nos, durante quase toda a sua carreira, a um nível de qualidade de que poucos actores se podem orgulhar. Filmes como My Cousin Vinnie, Jimmy Hollywood, Casino e o seminal Goodfellas fizeram dele um rosto marcante e com direito a que o seu nome esteja escrito a letras de ouro na História do Cinema. Ainda assim, um dos seus maiores momentos foi a criação de Leon Bernstein, o fotógrafo omnipresente, sensacionalista e insensível que um dia se apaixona por uma das intervenientes num caso que acompanha e a polícia investiga (a femme-fatale Barbara Hershey). Tudo nesta obra do argumentista-ocasionalmente-realizador Howard Franklin é belo, desde a fotografia aos diálogos, passando pela composição das personagens e terminando no argumento também obra de Franklin. Nada é o que parece neste filme noir que apenas peca por obedecer em demasia às regras deste tipo de cinema, e talvez por isso se torne por vezes previsível. Ainda assim, são duas horinhas que em nada envergonhariam um Raoul Walsh ou um Howard Hawks.

Thursday, January 26, 2006

Hype!, de Doug Pray (1996)


Tendo vivido o fenómeno grunge mais durante a sua decadência do que propriamente no seu auge, venho hoje recomendar-vos um magnífico documentário chamado Hype!, que o realizador Doug Pray escolheu fazer para começar a sua carreira. É sobre grunge, sobre Seattle, sobre a vida naquela cidade no pré, durante e no pós-grunge. Quem não for apreciador de música ou do fenómeno em particular provavelmente não lhe achará grande piada. Mas os restantes que se cheguem, pois aqui está um filme muito recomendável. Nota-se que Pray faz aqui um labour of love. Tudo aqui é tratado com carinho e algum gozo mesmo que, aqui e ali se note um tratamento demasiado light de uma época que não foi perfeita. Mas está quase tudo lá, entrevistas com os protagonistas, imagens inéditas e conclusões muito verdadeiras (ainda que por vezes dolorosas) acerca de um tempo que foi intenso mas esteve longe de ser perfeito. Ou talvez não... Talvez a maior (única?) fraqueza deste documentário resida no facto de ter sido feito ainda com as lembranças demasiado frescas mas, se isso o torna inevitavelmente menos incisivo, também o torna mais apaixonado. Não se pode ter tudo e, já agora, do mal o menos!!

Chris Penn - A morte aos 40 anos


É uma daquelas notícias que me deixa realmente triste. Chris Penn, actor de 40 anos, irmão do também actor Sean Penn, faleceu esta terça-feira, dia 24, na sua casa em Santa Mónica na Califórnia. Não vou cair no lugar-comum de desatar aqui a chorar (ele até merecia), mas espero que os mais desatentos percebam que estavamos na presença de um grande actor a que nem sempre foram dadas as merecidas oportunidades. A última vez que o vi foi no sofrível Shelter Island, filme no qual nem a talentosa (e também sub-aproveitada) Ally Sheedy se safava, mas recordá-lo-ei sempre em filmes maravilhosos que marcaram uma época como Footloose, Rumble Fish e At Close Range, e já mais recentemente, no grande Reservoir Dogs de Quentin Tarantino, no Short Cuts de Robert Altman ou no The Funeral de Abel Ferrara. Agora que penso bem, e para quem tinha só 40 anos e não era uma estrela de primeira linha,tenho de convir que Chris Penn ainda se safou muito bem. Vou ter imensas saudades dele...

Tuesday, January 24, 2006

U-Turn (Sem Retorno), de Oliver Stone (1997)


Os gostos serão sempre discutíveis e, talvez por isso, venha aqui fazer referência a um espécime ao qual talvez não tenha sido dado o devido valor por alturas da sua estreia no cinema. Falo-vos de U-Turn, o OVNI que Oliver Stone realizou em 1997. Sean Penn encarna Bobby Cooper, um desgraçado que deve dinheiro a alguém bem mais poderoso do que ele. Os problemas surgem quando se encaminha e fica detido numa cidade perdida no meio do deserto, chamada Superior, cujos habitantes são tudo menos pessoas normais. Entendem-se facilmente as razões pelas quais este filme não foi bem recebido, apesar de um elenco de estrelas que inclui o referido Sean Penn, Nick Nolte, Jennifer Lopez, Billy Bob Thornton, Joaquin Phoenix, Claire Danes e Powers Boothe: Stone filma de forma muito estilizada e dá primazia aos diálogos em deterimento do mainstream a que estamos habituados. Nem sempre é fácil ver este U-Turn (e nem sempre pelas melhores razões), mas não se pode negar que é uma delícia e uma pérola que deve ser descoberta.

Colecção de DVDs Fantasporto

Amigos menos atentos, atenção ao jornal Público das sextas-feiras: é que agora, além de trazer o excelente Y, traz também uma colecção de filmes que passaram ao logo dos anos pelo Fantasporto, por apenas mais 8,90€. Para quem, como eu aprecia "aquele" outro cinema, é uma oportunidade a não perder, principalmente porque são filmes aos quais é bastante difícil deitar a mão. Não os deixem fugir!!!

Monday, January 16, 2006

Radio Flyer (A Força da Ilusão), de Richard Donner (1992)


Richard Donner sempre foi um um realizador a ter em conta no panorama do cinema made in USA, mais não seja porque teve sempre presente, na sua obra, uma noção de espectáculo e entretenimento que não raramente nos trouxe gratas surpresas. No entanto, e no meio de uma carreira preenchida com títulos como Superman, Lethal Weapon, Maverick, Assassins ou The Omen, houve um pequeno filme que, embora incompreendido por crítica e público, revelou uma face mais negra de Donner. Falamos de Radio Flyer, a sensível história de dois irmãos cuja violência sofrida por parte do padrasto, os vai levar a embarcar embarcar no Radio Flyer do título, uma espécie de trenó que permitirá superar as suas angústias. Donner dirige com a sensibilidade e o dinamismo necessários uma história nem sempre simples e que facilmente poderia descambar num dramalhão para fazer chorar as pedras da calçada. Elijah Wood e Joseph Mazzello são brilhantes na composição dos irmãos Mike e Bobby, e Tom Hanks faz um cameo como o personagem de Elijah Wood em adulto, sendo, ao mesmo tempo, o narrador da história. Radio Flyer não é um clássico mas será sempre um filme especial. Quem sabe se não é descoberto um dia destes... A minha parte fica feita!!

Monday, January 09, 2006

Cineastas "Perdidos" - Rob Reiner


Por falar em Rob Reiner, as últimas notícias vindas do outro lado do Atlântico dão-me conta de que o seu novo filme, Rumor Has It..., com Jennifer Aniston, Kevin Costner, Shirley MacLaine e Mark Ruffalo deixa muito a desejar, o que me vem lembrar que as últimas experiências deste outrora tão interessante realizador têm sido verdadeiramente decepcionantes. Revejamos, em traços largos, a sua filmografia: a década de 80 é brilhante e traz-nos pérolas como This Is Spinal Tap (uma referência incontornável), The Sure Thing e Stand By Me (clássicos dos teen movies), o brilhante When Harry Met Sally... e termina com o curioso e subversivo Misery que, curiosamente, se viria a tornar, pelo menos até agora, no seu último grande filme. A década seguinte ainda trouxe algumas coisas interessantes como The American President, Ghosts of Mississipi e, em menor grau, A Few Good Men, mas, para além de não atingirem o nível e a classe da sua obra da década anterior, ainda forma intercaladas com outros filmes já bastante desinteressantes. Esperava-se, por isso, com grande curiosidade, por uma nova década para perceber que caminho Reiner tomaria a seguir. Infelizmente, nada de bom augurava o futuro. Alex & Emma era fraquinho e este Rumor Has It... parece ir pelo mesmo caminho (claro que darei o braço a torcer caso se verifique o contrário) pelo que se espera urgentemente por novidades agradáveis de alguém que nos traz tão boas recordações cinéfilas. Será com o próximo Whiskey River?

Mean Creek (Uma Pequena Vingança), de Jacob Aaron Estes (2004)


O que fazer quando uma brincadeira toma dimensões trágicas? E como viver com as consequências dela? Estas são apenas algumas das questões deixadas por Jacob Aaron Estes neste brilhante Mean Creek que há poucos dias descobri num videoclube. Mean Creek é a história de um grupo de amigos que decide vingar-se de um outro rapaz de quem sofriam constantes agressões. Para isso, fazem-se passar por seus amigos e levam-no a um passeio de barco que não correrá da forma esperada. Contar algo mais seria estragar a (grande) surpresa que é esta primeira longa-metragem de Estes, um prodígio de 90 minutos que não só nos envolve na história como nos faz sentir o que os persongens do filme sentem. Do elenco nem vale a pena falar já que até os Independent Spirit Awards decidiram atribuir um prémio especial ao cast do filme. Mas o que ainda acaba por surpreender mais é que um filme tão premiado e com tanto potencial comercial tenha escapado mais uma vez ao olhar dos portugueses entretidos com "coisas" como O Nevoeiro e afins... Este Mean Creek é a versão hard do Stand By Me de Rob Reiner. Uma mui grata experiência!