Este título pode não ser tão difícil de encontrar como isso, mas isto de falar sobre filmes que poucos vêem também tem destas vantagens: há alguns que aparecem, apesar da sua pouca repercussão comercial, em todo o lado. Harsh Times está em qualquer videoclube que se preze e, vantagem das vantagens, está quase sempre por alugar. Ainda ontem o vi. O título em português é que me está a escapar mas a capa é igualzinha à imagem que está aqui no topo. Adiante... David Ayer é um jovem argumentista que já deitou as mãos a alguns blockbusters americanos mas que se notabilizou na escrita de dois policiais pós-modernos: o oscarizado Dia de Treino (Training Day, Antoine Fuqua, 2001) e Azul Escuro (Dark Blue, Ron Shelton, 2002). Neste Harsh Times, para o bem e para o mal, isso nota-se. Christian Bale é Jim Davis, um ex-Ranger errático que espera encontrar na polícia de LA o refúgio que precisa para exorcisar velhos demónios. Freddy Rodriguez é Mike Alonzo, o seu melhor amigo, e vive pressionado pela namorada (Eva Longoria) para arranjar um emprego. Os dois encontram-se para uma tarde juntos mas, depois disso, nada vai voltar a ser o mesmo. facetas que se revelam, atitudes inesperadas, relações que se vão deteriorando com a cidade dos anjos como pano de fundo é o que David Ayer nos tem para oferecer. Mas fá-lo com mestria. O argumento, salpicado com um ou outro momento dispensável ou mesmo previsível, é quase sempre milimétrico e visceral e, sobretudo, mostra-nos personagens multifacetados, com as respectivas forças e fraquezas à flor da pele. A ambiência de LA sente-se aqui em toda a sua obscura perfeição fazendo lembrar o já referido Dia de Treino, mas também com ecos de Michael Mann. Às vezes é duro e quando o é, é muito duro, mas no bom sentido. E é surpreendente. Apreciem!
O trailer está em http://www.youtube.com/watch?v=DyUJuMt94Hs