Saturday, November 30, 2013

Clássicos Quase Esquecidos (parte I): The Shawshank Redemption (Os Condenados de Shawshank), de Frank Darabont (1994)



É bom perceber que em Hollywood há excepções à regra. É bom perceber que se fazem filmes que, por um motivo ou por outro, apesar de esquecidos num primeiro momento, ganham nova vida posteriormente. Em adolescente descobri Os Condenados de Shawshank por sugestão de uma amiga da minha irmã e soou-me logo a filme de artes marciais de terceira linha. Só após muita insistência decidi pegar naquele filme que, vim a saber depois, tinha ficado na sombra de Forrest Gump na corrida pela estatueta dourada. Tinha sido nomeado para sete. Não ganhou nenhum.

O filme conquistou-me logo à primeira. A serena história de um banqueiro condenado injustamente pelo homicídio da esposa e do seu amante prende pela simplicidade e profundidade como trata temas como a amizade, a compaixão e o companheirismo. Os seus personagens, mesmo os mais secundários, acresentam sempre alguma coisa à narrativa e são frequentes as vezes em que se destacam dos outros por mérito próprio.

É difícil vermos Os Condenados de Shawshank e imaginarmos que é proveniente de uma obra do Stephen King, esse mesmo, o mestre do terror. A sensibilidade que transpira da história e do argumento de Frank Darabont - curiosamente não nomeado pela Academia - é tal que por vezes causa arrepios na espinha. Tudo o que lá está é visceral e incomoda e emociona pelo realismo.

A empreitada, sem nomes sonantes no cartaz, resultou num rotundo fiasco de bilheteira. No entanto, o evento do VHS permitiu a redescoberta de uma obra que hoje se considera essencial e que dificilmente não aparece em qualquer lista dos melhores filmes de cinema da História.

Revi-o ontem, pela 22ª vez, se não me falham os cálculos, e é preciso dizer que não perdeu nem um pingo da frescura que ostentou no seu ano de estreia. Tornou-se obrigatório para qualquer amante da 7ª arte.

Classificação Filmes Esquecidos: *****
Classificação imdb: 9,3
Comentário chunga: é o filme com maior cotação de sempre no imdb. Em alguma coisa haveriam de acertar por aquelas bandas...

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Thursday, November 28, 2013

Sliding Doors (Instantes Decisivos), de Peter Howitt (1998)



Há filmes cujo visionamento adiamos vezes sem conta. Umas vezes por umas razões, outras vezes por outras lá vão sendo adiados uma e outra vez, muitas vezes apesar de até nos chamarem a atenção. Sliding Doors é, que me recorde, o filme que sempre fui colocando na lista dos seguintes. Quando estreou no cinema, nos idos de 1998, quase o fui ver por duas vezes. Depois fui adiando a compra do DVD apesar de até ter aparecido como oferta em jornais. Passou na televisão, mas nunca estava em casa para vê-lo, apesar de o ter gravado em VHS. Até que há três dias, sem que nada o fizesse prever, passei por ele numa loja de artigos em segunda mão e disse a mim mesmo: "Desta não passa!". E assim foi. Veio comigo.

Gwyneth Paltrow é Helen, uma jovem que, de um momento para o outro se vê sem o bom emprego que lhe permitia o seus sustento e o do namorado escritor. Em seguida, encontra o namorado com outra na cama. Ou será que afinal perdeu o metro e não viu nada? O filme navega entre os "what ifs" da vida, mostrando-nos os diferentes efeitos que um momento, uma opção diferente, podem ter no desenrolar da nossa vida. Uma espécie de Regresso ao Futuro (Back to the Future, Robert Zemeckis, 1985) em versão comédia romântica "sim ou sopas", conduzida com leveza e charme por Peter Howitt. O grande trunfo de Sliding Doors provém do seu equilíbrio que parece natural, mas que tão difícil é de conseguir e tão facilmente poderia resvalar para o lugar-comum. As situações são apresentadas com credibilidade, e temperadas com o génio cómico de John Hannah, um muito improvável par romântico que espalha energia e vitalidade num filme que facilmente se poderia levar demasiado a sério.

Sliding Doors é um filme que se vê com agrado porque aquece a alma sem precisar de ser parvo. Não há assim tantos como este.

Recomendado para: Uma noite a dois, acompanhada por um bom vinho (apesar de eu o ter visto sozinho, com um copo de água ao lado).

Curiosidade: Quando Sidney Pollack telefonou a oferecer financiamento para o filme, o realizador Peter Howitt estava numa espiral de alcoól num pub de Londres e teve de esperar pelo dia seguinte, até ficar sóbrio, para poder falar com Pollack.

Classificação Filmes Esquecidos: ****
Classificação imdb: 6,7
Comentário chunga: quem acha que o John Hannah é feio é porque nunca viu o gajo que faz de namorado da Gwyneth Paltrow no filme. Lá se foram os leading men classicos. Boa!

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Wednesday, November 27, 2013

Onde é que já vi esta cara? (Parte I)

O cinema é um daqueles espetáculos que facilmente promove um desconhecido ao estatuto de estrela. Rapidamente, e com a devida sorte e trabalho, aparecem os Roberts Pattinson ou Russells Crowe da vida. Seja por que motivo for, habituámo-nos a vê-los no grande ecrã e os seus nomes chamam imediatamente a nossa atenção. No entanto, para lá das Julias Roberts da vida, gente há que reconhecemos ao longe, mas cujos nomes ou filmes não ficam tão facilmente na memória. A quem nunca aconteceu o clássico: "é pá, este gajo tinha um papel bem fixe no Silverado. Como é que ele se chama mesmo?". Geralmente, são atores que se celebrizam e dão destaque a papéis secundários, raramente chegando ao protagonismo absoluto. A partir de agora, o "Filmes Esquecidos" vai prestar homenagem a esses heróis do celuloide. E começamos com...



Para mim, Bruce McGill há-de ser sempre o imortal Daniel "D-Day" Simpson, o mais marado dos integrantes da Delta Tau Chi Fraternity, em A República dos Cucos (Animal House, John Landis, 1978). Já aqui era personagem secundário, mas o histrionismo e a loucura que conferiu ao seu "boneco" fizeram-no destacar-se facilmente do resto do elenco. A este propósito, aconselho a compra da edição DVD de 25º aniversário do do filme, cujos extras são imperdíveis.

Mas McGill não se ficou por aí e apareceu, ao longo dos anos, em obras como Pela Noite Dentro (Into the Night, 1985), Os Três Fugitivos (Three Fugitives, Francis Veber, 1989), A Fúria do Último Escuteiro (The Last Boy Scout, Tony Scott, 1991), O Meu Primo Vinny (Cousin Vinny, Jonathan Lynn, 1992), Assalto Infernal (Cliffhanger, Renny Harlin, 1993), Um Mundo Perfeito (A Perfect World, Clint Eastwood, 1993), Patrulha do Tempo (Timecop, Peter Hyams, 1994), Coragem Debaixo de Fogo (Courage Under Fire, Edward Zwick, 1996), O Informador (The Insider, Michael Mann, 1999), A Lenda de Bagger Vance (The Legend of Bagger Vance, Robert Redford, 2000), Ali (Michael Mann, 2001), The Sum of All Fears (A Soma de Todos os Medos, Phil Alden Robinson, 2001), Amigos do Alheio (Matchstick Men, Ridley Scott, 2003), O Júri (Ruanaway Jury, Gary Fleder, 2003), Colateral (Michael Mann, 2004), Cinderella Man (Ron Howard, 2005), Elizabethtown (Cameron Crowe, 2005), Ponto de Mira (Vantage Point, Pete Travis, 2008), W. (Oliver Stone, 2008) ou Lincoln (Steven Spielberg, 2012).

Trabalhou com a nata dos realizadores consagrados de Hollywood, mas foi na série McGyver (1986-1992), que eternizou Richard Dean Anderson, que acabou por ter mais reconhecimento popular, através do engraçado e truculento Jack Dalton.

Curiosamente, McGill nunca foi nomeado para os Oscars, prova cabal de que nem todos os atores recebem o reconhecimento que merecem.