Wednesday, August 22, 2012

Away We Go (Um Lugar Para Viver), de Sam Mendes (2009)


Quando um realizador tenta atingir o estrelato, é normal apostar em dramas pessoais para se promover. São filmes baratos e que normalmente se saem bem no circuito dos festivais, o que permite ganhar nome e reputação. Quando o seu talento é descoberto e, por fim, surgem os convites para grandes produções, raramente esse mesmo realizador regressa aos filmes intimistas, mais próximos de si, ainda que até nos blockbusters se note a sua marca. Sam Mendes entrou de rompante em Hollywood, vindo do teatro. Com a sua primeira obra, "Beleza Americana" ("American Beauty", 2000), chegou viu e venceu, arrecadando, inclusive, o Oscar para melhor filme e realizador. Depois, construiu uma sólida carreira de filmes respeitáveis como "Caminho Para a Perdição" ("Road to Perdition, 2002"), "Máquina Zero" ("Jarhead", 2005) e "Revolutionary Road" (2008), coleccionando prémios e nomeações e consolidando a fama de realizador de produções luxuosas com classe.

Não foi por isso, com algum espanto, que o vi investir num filme que, apesar dos 17 milhões de dólares de orçamento, tem todas as características de um filme independente. "Away We Go" traz-nos a estória de Burt e Verona (John Krasinski e Maya Rudolph, impecáveis), um jovem casal que se prepara para ter o primeiro filho e decide partir em busca do local ideal para o seu crescimento. 

Não são muitos os realizadores que, mesmo tendo em mãos um bom argumento, sabem potenciar devidamente a sua estória. Muitos deles usam truques já habituais neste tipo de produção - e Sam Mendes não evita a habitual banda sonora com voz leve e violinha - para provocar no espectador emoções e conflitos pelos quais os personagens não estão realmente a passar, mas neste tipo de filmes, quem tem personagens bem desenvolvidos consegue quase sempre diálogos e emoções sinceras. Tirando um ou outro momento de exagero - e, acredito, também sirva para descomprimir - "Away We Go" consegue ser desarmantemente real.