Thursday, April 19, 2007

Harsh Times, de David Ayer (2005)


Este título pode não ser tão difícil de encontrar como isso, mas isto de falar sobre filmes que poucos vêem também tem destas vantagens: há alguns que aparecem, apesar da sua pouca repercussão comercial, em todo o lado. Harsh Times está em qualquer videoclube que se preze e, vantagem das vantagens, está quase sempre por alugar. Ainda ontem o vi. O título em português é que me está a escapar mas a capa é igualzinha à imagem que está aqui no topo. Adiante... David Ayer é um jovem argumentista que já deitou as mãos a alguns blockbusters americanos mas que se notabilizou na escrita de dois policiais pós-modernos: o oscarizado Dia de Treino (Training Day, Antoine Fuqua, 2001) e Azul Escuro (Dark Blue, Ron Shelton, 2002). Neste Harsh Times, para o bem e para o mal, isso nota-se. Christian Bale é Jim Davis, um ex-Ranger errático que espera encontrar na polícia de LA o refúgio que precisa para exorcisar velhos demónios. Freddy Rodriguez é Mike Alonzo, o seu melhor amigo, e vive pressionado pela namorada (Eva Longoria) para arranjar um emprego. Os dois encontram-se para uma tarde juntos mas, depois disso, nada vai voltar a ser o mesmo. facetas que se revelam, atitudes inesperadas, relações que se vão deteriorando com a cidade dos anjos como pano de fundo é o que David Ayer nos tem para oferecer. Mas fá-lo com mestria. O argumento, salpicado com um ou outro momento dispensável ou mesmo previsível, é quase sempre milimétrico e visceral e, sobretudo, mostra-nos personagens multifacetados, com as respectivas forças e fraquezas à flor da pele. A ambiência de LA sente-se aqui em toda a sua obscura perfeição fazendo lembrar o já referido Dia de Treino, mas também com ecos de Michael Mann. Às vezes é duro e quando o é, é muito duro, mas no bom sentido. E é surpreendente. Apreciem!