Friday, September 29, 2006

I Wanna Hold Your Hand (Beatlemania), de Robert Zemeckis (1978)


Desde sempre, Robert Zemeckis ocupa um lugar muito especial no meu coração de cinéfilo. É, sobretudo, um homem que soube fazer da sua carreira uma colecção de obras-primas que em muito têm contribuído para contrariar uma frequentemente errada noção de que o cinema comercial americano se pauta por uma mediocridade latente. Filmes como Em Busca da Esmeralda Perdida (Romancing the Stone, 1984), Regresso ao Futuro (Back to the Future, 1985), e sequelas, Quem tramou Roger Rabbit? (Who Framed Roger Rabbit, 1988), A Morte Fica-vos Tão Bem (Deathe Becomes Her, 1992), Forrest Gump (1994), O Náufrago (Cast Away, 2000) e A Verdade Escondida (What Lies Beneath, 2000) são o exemplo acabado de uma versatilidade a toda a prova e daquilo a que habitualmente chamamos "a magia do cinema". No entanto, poucos se lembrarão daquele que foi o seu primeiro filme, Beatlemania (I Wanna Hold Your Hand, de 1978), uma obra delirante com a qual me cruzei recentemente no Canal Hollywood. A história é simples e remete-nos para um grupo de adolescentes que é capaz de fazer qualquer coisa para conseguir assistir à primeira actuação dos Beatles em solo americano, no célebre Ed Sullivan Show. Tudo neste filme é inocente, desde os personagens às situações que eles percorrem, passando mesmo pela história base do filme. No então, esta inocência não é involuntária mas sim uma marca com a qual Zemeckis define o tom da sua primeira obra. As interpretações são de primeira água e o argumento, co-escrito com o velho comparsa Bob Gale, consegue captar toda a atmosfera de loucura, acrescentando-lhe a dose de ternura necessária para fazer deste filme uma das pérolas a descobrir! Depois não digam que eu não avisei...
Obs.: Não existe em DVD, em edição nacional.

Thursday, September 21, 2006

Japanese Story (Uma História Japonesa de Amor), de Sue Brooks (2003)


Chegou-me ontem às mãos um exemplar deste tocante filme, no qual Sue Brooks conta a história de uma "informática" (Toni Collette) destacada para vender um software a um japonês de visita aos EUA (Gotaro Tsunashima) acabando por embarcar com ele numa viagem pela Austrália profunda, onde nascerá uma improvável história de amor.

Japanese Story (Uma História Japonesa de Amor, em português) será sempre uma espécie de OVNI cinematográfico apresentando um ritmo lento e uma cadência que não agradará às massas. Também não tem um elenco de estrelas, apesar do já bem conhecido nome de Toni Collette (Sexto Sentido, Era Uma Vez Um Rapaz). Por outro lado, não conta uma história original: duas pessoas vindas de mundos diferentes apaixonam-se no mais improvável dos cenários e das situações. No entanto, há uma conjugação de elementos que faz deste filme uma das maiores surpresas e uma das maiores satisfações do meu ano cinematográfico: a interpretação de Toni Collette é a todos os níveis brilhante mostrando uma versatilidade digna de um mais vasto reconhecimento; os diálogos e as situações passadas entre a sua personagem e a de Gotaro Tsunashima conseguem criar uma envolvência capaz de desarmar o espectador mais céptico. As pequenas inconsistências existentes no argumento não chegam para que, no final do visionamento, não o queiramos ver logo a seguir outra vez. Uma grata surpresa.