Friday, March 31, 2006

Biloxi Blues (Os Rapazes de Biloxi), de Mike Nichols (1988)


Neil Simon, não obstante uma vida pessoal bastante conturbada, conseguiu, com o passar dos anos, impôr-se em Hollywood com uma respeitosa obra que deu origem a filmes tão emblemáticos como The Odd Couple, The Heartbreak Kid, Plaza Suite ou The Sunshine Boys. Em 1988, Mike Nichols decidiu adaptar a segunda parte da sua "autobiografia não-oficial" (a primeira foi Brighton Beach Memoirs, de Gene Sacks, e a terceira Broadway Bound, um telefilme de Paul Bogart) dando assim origem a Biloxi Blues, o mais perfeito filme da trilogia. Desta vez encontramos um Eugene Jerome (Matthew Broderick) com aspirações a escritor e emplena preparação militar para a Segunda Grande Guerra. Nesta fase ele e os seus colegas de caserna são confrontados com um tiranico Sargento (Christopher Walken) que os vai, eventualmente, fazer perceber que nem só de amizade e compadrio vive a fase da recruta militar. Neste filme não há personagens perfeitos, todos têm os seus defeitos e virtudes o que eleva ainda mais o seu nível, sendo que Nichols consegue mesmo duas cenas antológicas: a de Eugene com a prostituta, e o confronto final entre o recruta e o sargento. Talvez pudesse ser dada um pouco mais de relevância e ternura ao romance entre Eugene e Daisy (Penelope Ann Miller) mas se calhar já era pedir demais...

Monday, March 20, 2006

A Christmas Carol (Espírito de Natal), de David Jones (1999)


Com um obra profundamente rica, Charles Dickens atingiu o seu pico de fama com o conto A Canção de Natal (A Cristmas Carol, no original) que, por diversas vezes já foi adaptada pela 7ª arte, desde o velhinho Scrooge com Albert Finney e Alec Guiness na versão dos anos 70, ao Scrooged que Richard Donner desastradamente realizou nos anos 80, passando muitas outras versões da mesma história. Em 1999, David Jones, realizador pouco conhecido que atingiu o seu pico com Betrayal, de 1983, dirigiu mais uma adaptação do clássico de Dickens para a TV por cabo, Hallmark (que, por falar nisso, já começa a dar-nos provas de qualidade em termos de produções deste género). E foi através desse mais suspeito meio que é a televisão, que surgiu uma das melhores, mais belas e mais fieis adaptações deste conto. Patrick Stewart encarna a pele de Ebenezer Scrooge, um velho solitário cuja avareza o distingue dos seus conterrâneos. Nem no Natal a sua única face se altera. Isto até ser visitado pelos fantasmas do Natal Presente, Passado e Futuro, que o vão fazer alterar a sua forma de encarar a vida. Desde o adequado ambiente de época, passando pelo magníco guarda-roupa e acabando em interpretações acima da média, tudo resulta neste telefilme com selo de qualidade que merece ser visto por todos os avarentos do mundo. A ver se isto muda um bocado... ;)

Monday, March 13, 2006

Dazed and Confused (Juventude Inconsciente), de Richard Linklater (1993)


Richard Linklater é um daqueles realizadores de culto cuja expectativa sobe sempre de obra para obra. Ele escreve com tanto de imaginação como talento e tem algo que começa a rarear um pouco nos cineastas de hoje: uma superior capacidade de observação e de exposição dos mais variados sentimentos e situações humanas, por mais difíceis que estas sejam de transpor para o papel e, posteriormente, para o ecrã. Dazed and Confused não foi o filme que tudo começou - isso aconteceu com o brilhante Slacker estreado dois anos antes - mas foi uma prometedora segunda obra que hoje parece ser lembrada por poucos. O filme retrata o último dia de aulas para um grupo de adolescentes do Texas e as desventuras que atravessam. Podia ser apenas mais um teen movie, mas Linklater faz uso do seu "olho clínico" para conseguir tirar das suas situações e dos seus actores o maior grau de realismo possível, tornando assim o filme muito mais intenso e não raras vezes tocante. Aqui não há personagens perfeitas. Mas há um filme a roçar a perfeição. Imperdível!