E de onde menos se espera, e quando menos se espera, surge a surpresa. Digamos que, no que a comédias românticas diz respeito, os Estados Unidos já há algum tempo perderam o trono para filmes britânicos como Love Actually, Notting Hill ou as corrosivas aventuras de Bridget Jones.
Por outro lado, nem o realizador - o veterano James Keach - nem o argumentista Steve Adams - que desde o desastre Envy não escrevia para cinema - deixavam antever que este Waiting For Forever fosse algo mais do que uma insossa comédia romântica para fazer chorar madalenas arrependidas. Mas é.
Este filme que vos trago hoje conta a história de um jovem artista de rua, Willie (Tom Sturridge), com uma personalidade muito particular: desde o traumático desaparecimento dos pais enquanto criança vive apaixonado por Emma (Rachel Bilson), a vizinha que já não o é há mais de dez anos. Mas isso não o impede de a ver, de fazer dela parte da sua vida. Por isso, segue-a para onde quer que ela vá, Estados Unidos fora. O problema é que a sua timidez impede-o de declarar-se à sua amada pelo que ela nunca se apercebe sequer que ele está por perto. Aproveitando o regresso de Emma à cidade natal e incentivado pelos amigos de sempre, Willie decide que é a hora de revelar o que sempre desejou.
Waiting For Forever agarra o espectador logo no início. Os seus primeiros 10 minutos são fantásticos, tanto a nível de edição (genial genérico) como toda a cena passada com o casal no carro é de uma graciosidade e energia contagiantes. Quase sem querer, o filme agarra-nos logo ali e mantém-nos interessados até final. Apesar de uma ou outra parte previsível, há vários momentos em que a fita se eleva a patamares muitos altos, fazendo-se também valer de um elenco que se completa com os veteranos Richard Jenkins e Blythe Danner e que está em grandíssima forma. Mas o grande mérito do filme irá para o argumento que evita cair nos clichés habituais a este tipo de filme. Se os personagens em si são cativantes e a premissa é interessante, a combinação de drama com humor é quase sempre equilibrada acabando por dar um tom muito genuíno e natural a uma história que, à partida, nem parece muito plausível.
Um último destaque para Tom Sturridge, encantador a fazer lembrar Johnny Depp em Benny & Joon, no qual este já emulava Buster Keaton. O Willie de Sturridge pode não ser totalmente compreensível pelo comum dos mortais, mas permite ver a vida de uma perspectiva diferente. Só por isso, e se por mais não fosse, este belíssimo filme já valeria a pena.