Longe de mim tentar perceber certas lógicas da indústria cinematográfica norte-americana ou até os gostos do público em si, mas a sério que me custa perceber como é que um filme que no elenco tem Tim Robbins, Rachel McAdams e Michael Peña, todos em papéis muito bons, e ainda pode ostentar o sempre apelativo "do realizador de O Ilusionista", passa completamente despercebido. Algo está muito errado quando se parte do princípio que as audiências só procuram super-heróis e remakes e sequelas em detrimento de uma história sensível e original como esta.
"The Lucky Ones" conta a história de três militares de serviço no Iraque que, por razões diferentes, têm direito a um período de férias em casa. Só que o regresso não é exactamente o esperado para nenhum deles o que acaba por juntá-los numa jornada "on the road" que irá criar laços indeléveis entre eles.
A história em si parece batida, mas não estamos aqui no campo moralista de outras obras. Com personagens muito bem-desenvolvidas e situações que equilibram muito bem o drama com a comédia, Neil Burger constrói aqui um filme sensível, apelativo e não raras vezes engraçado. O que mais assusta, porém, é a realidade subjacente a este retrato da sociedade norte-americana actual.
Os actores são fabulosos na forma como se contêm e como dão largas às mais variadas emoções. Nesse particular, o filme é um deleite constituído por momentos geniais atrás de outros ainda melhores.
"The Lucky Ones" é aparentemente um filmezinho que conta uma história mais ou menos simples e que, por certo, os mais inadvertidos vão encarar como apenas "mais um". Para mim, está aqui muito material oscarizável e, muito mais do que isso, inesquecível. Um filme a ver e rever... e rever.