E de vez em quando lá aparecem aqueles filmes que não podemos obrigatoriamente dizer que são bons ou maus, essencialmente porque dependem quase exclusivamente do grau de empatia que os personagens e/ou situações conseguem estabelecer com o espectador. "10 Years" é um desses casos.
História da reunião de um grupo de amigos a propósito da celebração do 10º aniversário após o final do liceu, "10 Years" perde um terço do filme a apresentar os seus personagens - e são muitos - mas nunca se torna chato, apesar dos estereótipos. As situações em que os personagens se envolvem são plausíveis e nunca se sente que foram ali colocadas a martelo ou que caem no ridículo. E as pequenas histórias de cada um dos personagens, umas mais interessantes do que as outras, ganham força natural, também graças ao imenso talento de um elenco em pleno estado de graça. Channing Tatum, o ator mais bem sucedido de 2012, destaca-se com um misto de vulnerabilidade e simpatia que enternece, mas destacá-lo quando há aqui tão boas atuações seria injusto.
E depois há os momentos, uma sucessão de momentos marcantes e decisivos, não apenas no caminho que os personagens têm de percorrer, mas na definição de certas dificuldades de crescimento, da passagem da adolescência à idade adulta. Momentos que não querem ser marcantes, mas que o são na sua sinceridade e otimismo. Já nos cruzamos com esta viagem noutros filmes, porventura até mais decisivos do que este - e nem sequer se pode dizer que "10 Years" tenha um enredo linear, ou mesmo um enredo de todo - mas, com todos os seus defeitos, consegue cativar todo aquele que foi estudante e, como qualquer outro, deixou assuntos pendentes.