Tuesday, January 09, 2007

Menino do Rio, de António Calmón (1982)


Este não é, sem dúvida, um filme para todos. Não porque tenha violência ou cenas de sexo em demasia, não porque seja "lavagem", não porque seja daqueles filmes "pesados". Porque Menino do Rio não é nada disso. É apenas um leve surf movie brasileiro que, à partida não passa disso mesmo: um surf movie brasileiro. O problema é que estão tão mal enjorcadinho tecnicamente que irá afastar muita gente do seu visionamento. No entanto, e se estão a pensar fazê-lo, fiquem mais um pouco, não porque o filme seja uma obra-prima, não porque tem momentos geniais, mas porque, neste caso, o facto de ser mal enjorcado não é um defeito, mas sim uma característica própria da época em que o filme foi feito e acaba até por ser uma mais-valia. O filme conta a história de Ricardo Valente (André di Biase), um jovem surfista que se apaixona por uma menina rica (a entretanto prematuramente desaparecida Claudia Magno) mas que, por uma séie de razões, não pode ver a sua paixão concretizada. Pode soar banal, mas a grande vantagem deste filme é toda a construção do ambiente da trama que causará, sem dúvida, nostalgia a muito boa gente. Menino do Rio é, sobretudo, um porta-estandarte de um way of life que entretanto se perdeu, assim como no Big Wednesday, de que vos falei há uns tempos atrás. Muitos acharão "parolo", muitos simplesmente silly, mas eu gostei e recomendo... Mais não seja pela banda-sonora (com clássicos absolutos da MPB) e pela presença da saudosa Claudia Magno. Ah, e sabiam que foi este filme que fez o público brasileiro reconciliar-se com o seu cinema nos anos 80, sendo um triunfo colossal nas bilheteiras??

1 comment:

Cristina Tomé said...

Olá, P-alucinado.

Recordo-me de ver este filme no extinto Canal Brasil da TVCabo, dedicado integralmente ao cinema brasileiro. O que se pode dizer deste filme? Nota-se que é um filme do inicio dos anos 80 (mais precisamente de 1981), é muito soft, cheio de romance, praia, surf, actores bonitos...o André Di Biase ficou marcado por este papel, tendo voltado a brilhar na tv com a série Armação Limitada, com o Kadu Moliterno (outro galã dos anos 80) e a série New Wave. Infelizmente, a Cláudia Magno desapareceu cedo demais (vítima de Sida, se não estou em erro) e este filme teve uma continuação chamada A Garota Dourada, onde a Cláudia Magno era trocada pela Bianca Byngton. Já não teve o mesmo sucesso do anterior, mas também vai na mesma onda.
Pode se dizer que é um bom filme nostálgico, a fazer recordar outros tempos...boa banda sonora, com sons tipicos dessa altura (Go-Go's, Caetano Veloso, etc.)