Como habitual frequentador de Feiras e outros locais equivalentes, tenho tido a oportunidade de acompanhar de perto o estranho (ou não...) fenómeno que leva as pessoas a comprar DVD's de qualidade duvidosa em quantidades absolutamente descomunais. Devo reconhecer que me assusta um pouco ver filmes em alguns casos que ainda cá não estrearam (e nem vão estrear) nas bancas das feiras, e ainda me assusta mais ver as pessoas a comprá-los assim só porque quem os vende diz que "ainda não estreou no cinema". Sim, porque depois de uma observação cuidada a uma meia-dúzia de bancas percebi que quase toda a gente vai em busca do filme recente e quase ninguém procura um outo tipo de cinema. Para citar apenas um caso, ainda na semana passada, não passava das 10h30 da manhã e alguém perguntava à vendedora se tinha "O Nevoeiro", deprimente filme de Ruppert Wainwright que tive o desprazer e a infelicidade de ver ontem. A resposta pronta: "Trouxe 18 e já acabaram há meia hora.". Se as pessoas conhecessem o original de 1980 e, por causa disso, procurassem este remake era uma coisa. Mas algo me diz que nada tem a ver com isso. Parece-me antes que há uma vontade sôfrega por consumir os últimos exitos fabricados em Hollywood sem qualquer critério. Interessa é dizer ao amigo: "Já vi em casa todos os filmes que estão no cinema." Isto deixa-me triste. E mais triste ainda me deixa o facto de ver algumas bancas com filmes apenas alternativos - os que não vendem - muito, mas mesmo muito mais baratos, e as pessoas nem lhes tocam. Não imaginam a quantidade de raridades que já lá descobri. Pois é, pois é, todos temops os nossos "pecaditos". Mas como diria um dia alguém que muito admiro, "a raridade do filme em questão justifica a pirataria...". Be nice...
Thursday, December 29, 2005
Sunday, December 11, 2005
Chances Are (Como o Céu Se Enganou), de Emile Ardolino (1989)
Chances Are é uma daquelas originais comédias românticas que é, sobretudo, aquilo que a maioria das comédias românticas não são hoje: originais. Louie (Christopher McDonald) e Connie (Cybill Shepherd) fazem um casal feliz até que ele é atropleado e morre no dia do primeiro aniversário do casamento, deixando Connie grávida de Miranda (Mary Stuart Masterson). Connie nunca consegue totalmente superar a tragédia até que, 20 anos depois, Loiue reencarna em Alex (Robert Downey Jr.), um estudante que, através de Miranda, vai rever Connie e Philip (um grande, enorme Ryan O'Neal), o seu melhor amigo na vida passada.
Tudo neste filme de Emile Ardolino é pura magia, desde as interpretações de todo o elenco até aos momentos mais tocantes ou hilariantes. Mas o maior de todos os destaques tem de ser dado ao argumento de Perry Howze e Randy Howze (curiosamente, nunca mais escreveram um filme!) que parte de uma premissa original e nunca se perde em trivialidades desnecessárias, tirando o máximo partido do talento de todos os envolvidos. A não perder.
Friday, December 09, 2005
Brad Renfro - mais um "has been"?
O visionamento recente de Apt Pupil de que vos falei anteriormente, leva-me agora a pensar mas o que será feito do Brad Renfro? A verdade é que o actor de 23 anos foi, em tempos, um dos mais promissores actores infanto-juvenis provenientes de Hollywood. Estreou-se em The Client (O Cliente, de Joel Schumacher) fazendo-se acompanhar por gente do calibre de Susan Sarandon e Tommy Lee Jones, e depois ainda mereceu digno destaque em filmes como The Cure (Laços de Amizade, de Peter Horton), Sleepers (Sentimento de Revolta, de Barry Levinson), Bully (Estranhas Amizades, de Larry Clark) e fez um pequeno papel no brilhante Ghost World (de Terry Zwigoff) em 2001. No entanto, as "borbulhas" têm deixado a sua marca neste jovem actor que se deixou enredar em situações menos agradáveis e das drogas aos problemas com a polícia foi apenas um passo. De há uns anos para cá, embora nunca tenha estado inactivo, a qualidade da generalidade dos seus filmes tem decaído. Há quem lhe vaticine um destino como actor de filmes de série B (Z???) à semelhança de um Christian Slater ou um Stephen Dorff mas a verdade é que Brad Renfro ainda é muito jovem e pode ter uma longa e bela carreira pela frente. Conseguirá?
Apt Pupil (Sob Chantagem), de Bryan Singer (1998)
Em 1998, na ressaca do sucesso de Usual Suspects (Os Suspeitos do Costume), Bryan Singer optou pelo caminho menos óbvio. Ao invés de optar por um "grande" filme que lhe pudesse consolidar uma prometedora carreira, este Nova-Yorquino agora com 40 anos, decidiu-se por um projecto muito pessoal, uma adaptação de "Apt Pupil", uma obra literária de Stephen King, que contava a história de um adolescente (um promissor Brad Renfro) fascinado pelo tema da 2ª Guerra Mundial que descobre que tem como vizinho um velho criminoso de guerra nazi (Ian Mckellen) e passa a chatageá-lo como forma de obterinformação mais detalhada sobre o Holocausto. A premissa o filme já é, por si só, bastante negra. No entanto, Singer sabe conduzir a história de forma segura e sombria imprimindo-lhe o ritmo certo e que vai, gradualmente, inquietando o espectador até chegar ao climax final. Não há, neste filme, cedências desnecessárias ao mainstream mais corriqueiro. Tudo aqui é suspeito. Quem é o bom e quem é o mau? Até hoje estou a tentar percebê-lo. Mas talvez esse seja o maior mérito (e a principal razão pela qual este filme fracassou nas bilheteiras mundiais) do argumento de Brandon Boyce e, em última instância, do livro de King: aqui não há personagens simples mas emoções complexas que explicam a face negra que todos temos e que pode revelar-se quando menos se espera.
Olá!!!
Caros amigos cinéfilos.
Durante muito tempo, e apesar de múltiplos incentivos, hesitei em criar um blog sobre cinema. Hoje em dia toda a gente tem um blog e, felizmente, a 7ª arte tem sido abundantee variadamente abordada no ciber-espaço. No entanto, e depois de uma aprofundada pesquisa, cheguei à conclusão de que faltava informação sobre filmes que, de uma forma ou de outra, o tempo (ou as pessoas) se encarregou de fazer esquecer, sendo que os blockbusters dominavam (e dominam) a blogosfera em geral. Assim como eu, há muita gente que procura um outro tipo de cinema que, embora muitas vezes esquecido, merece, na minha opinião, algum destaque. É a estes cinéfilos em especial, e a todos aqueles que gostam de filmes em geral, que me dirijo a partir de hoje.
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