Tuesday, December 17, 2013

MARATONA DE NATAL (Parte VII) - Fred Claus, de David Dobkin (2007)



Não há muitos filmes de Natal que fujam à lógica da mensagem familiar final, através da qual é ensinada uma lição de vida e se proporciona uma sensação de bem-estar imediata, enfim, algo próprio para aquecer corações por alturas da consoada. Não arriscaria dizer que Fred Claus é o filme que rompe com a fórmula, mas é, sem dúvida, uma lufada de ar fresco no por vezes sem saborão panorama de filmes natalícios.

Vince Vaughn faz de Fred, o sempre menosprezado irmão mais velho do Pai Natal (Paul Giamatti) que optou por uma vida errante, apesar do bom coração. Quando pede ajuda ao irmão para um negócio pendente, Nicolau exige-lhe, em troca, que ele passe alguns dias no Pólo Norte, ajudando no processo de distribuição das prendas de Natal. 

No início, Fred Claus parece "apenas" uma sucessão de gags feitos à medida para permitir a Vaughn brilhar eclipsando, inclusive e surpreendentemente Rachel Weisz, apagada no papel da namorada do protagonista. Quando chega ao Pólo Norte, porém, o filme ganha uma nova vida. Todo o ambiente na fábrica dos presentes é cheio de detalhes e personagens divertidos ainda que nem sempre bem desenvolvidos. John Michael Higgins e o seu Willie mereciam um filme só dele. Kevin Spacey faz um vilão muito competentemente. Mas é o golpe de teatro da resolução da trama que eleva verdadeiramente o filme a um patamar superior. Sente-se que o argumento de Dan Fogelman (baseado numa história sua e de Jessie Nelson) precisava de ser um pouco mais polido para resultar em pleno, mas a sensação final é de que, apesar de um pouco desequilibrado, Fred Claus é um triunfo e um dos melhores filmes de Natal dos últimos anos.

Curiosidade: Frank Stallone, Roger Clinton e Stephen Baldwin fazer uma perninha num dos momentos mais deliciosos do filme. 

Recomendado para: todos aqueles que tenham estômago para o estilo de Vaughn.

Classificação Filmes Esquecidos: ****
Classificação imdb: 5,5
Comentário chunga: Lex Luthor a vestir a capa do Homem de Aço? God save us!

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MARATONA DE NATAL (Parte VI) - Jack Frost, de Troy Miller (1998)




Há filmes que prometem muito antes do lançamento e até chegam a cumprir durante grande parte da sua duração, mas nos quais depois se nota o invariável dedinho do executivo do estúdio produtor que, seguindo os estudos de mercado, interfere de forma indelével no resultado final. Este Jack Frost de que vos falo é um desses casos. 

Jack é um músico cuja banda parece estar perto da consagração, o que o leva a descuidar a família. Quando morre num acidente de viação, reaparece na pele de um boneco de neve construído pelo filhos, para compensar o tempo perdido. A premissa, entre o insólito e o previsivelmente familiar, tem potencial. E a primeira meia hora, enérgica e divertida - muito devido à bonança de Michael Keaton - parece indicar um equilibrado drama familiar com fantasia, ideal para a quadra natalícia. Joseph Cross (como o filho de Jack), inclusive, revela ser um bom ator, com a graça suficiente para levar o papel a bom porto.

Ora é precisamente quando o filme mais promete, que começa a desiludir: no ponto em que Jack se transforma em boneco de neve. A partir daí, a previsibilidade toma conta do filme e este nunca mais recupera, apesar do visível esforço dos intervenientes. Fica por apurar se o fracasso da empreitada se deveu a um guião fraco, à falta de arte do televisivo realizador Troy Miller ou aos omnipresentes e engravatados executivos. 

Fica um mais ou menos razoável filme de sábado à tarde que não fica especialmente na memória.

Recomendado para: ter como alternativa ao "Somos Portugal", da TVI. 

Curiosidade: Sam Raimi (Homem-Aranha) chegou a estar envolvido no projeto, tendo mesmo chegado a escrever um rascunho do guião com o irmão Ivan Raimi.

Classificação Filmes Esquecidos: **
Classificação imdb: 5,0
Comentário chunga: quanto tempo será preciso para se reconhecer a voz de um pai ou de um marido?

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Sunday, December 15, 2013

MARATONA DE NATAL (Parte V) - Frosty Returns, de Evert Brown & Bill Melendez (1992)



Dois dos rostos da casa Charlie Brown realizaram esta curta animação literalmente concebida para crianças, baseada no celebro conto de Jim Lewis. Frosty Returns traz-nos uma menina que, depois de ajudar o Boneco de Neve (voz de John Goodman) a combater uma ameaça de extinção da neve, encontra nele o amigo que lhe faltava.

A história é simples e é contada sem grandes rodeios, de forma a que as crianças a absorvam facilmente. No entanto, e apesar da energia dos personagens principais, não há um elemento surpresa que traga o fascínio esperado, mesmo tendo em conta que os números musicais são bons e não demasiado longos.

No final, fica a sensação de que Frostry Returns é a animação ideal para ver na cama, na manhã do dia 25, acompanhado de uma chávena de leite e antes de uma qualquer boa versão do imortal conto de Dickens.

Recomendado para: crianças, e apenas elas.

Classificação Filmes Esquecidos: **1/2
Classificação imdb: 4,9
Comentário chunga: um spray para remover a neve?

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Wednesday, December 11, 2013

MARATONA DE NATAL (Parte IV) - Blizzard (Uma Noite Mágica), LeVar Burton (2003)



Eu queria dizer coisas muitas giras deste Blizzard, mas acho que o que de melhor me sai neste momento é que não é ofensivo para as crianças nem as trata como imbecis. E é tudo, parece-me assim à primeira vista.

A primeira fraqueza do filme revela-se logo nos primeiros dez minutos. A mistura de histórias constantes tira-lhe o foco e não ajuda a que empatizemos com personagens e situações. Depois vem uma rena falante e pensante e começamos a pensar se estava toda a gente sóbria quando resolveu levar esta história ao cinema. Como se isso não bastasse, os efeitos especiais pré-Movie Maker são involuntariamente cómicos e tentamos esquecer tudo isso escondendo-nos nas interpretações convincentes Jan Tríska, Christopher Plummer, Kevin Pollak e, principalmente Brenda Blethyn, ou no tom declaradamente ingénuo de um filme feito especialmente para crianças mesmo muito crianças. 


Essencialmente, Blizzard ganha por não se levar muito a série e por exibir uma certa candura e inocência não muito comuns nos ultra-sofisticados filmes de hoje. Mas é tão ingénuo que por vezes dá pena. 


Recomendado para: crianças dos anos 80 e inícios de 90. E só para elas.


Curiosidade: o elfo vigilante que Blizzard ilude para levar os skates para Katie é o realizador do filme, LeVar Burton.

Classificação Filmes Esquecidos: **1/2
Classificação imdb: 5,3
Comentário chunga: o que dizer de um filme cujo trailer nem consigo encontrar?


Paul Walker: estrela ou ator?



O recente e prematuro desaparecimento de Paul Walker chocou Hollywood e o mundo e não houve quem não se pronunciasse sobre as qualidades pessoais e profissionais que o ator evidenciou em vida. Não deixa de ser um pouco irónico que hoje, um ator que foi muitas vezes enxovalhado pelos críticos, veja agora enaltecidos méritos a todos os níveis. Porém, tudo isto levanta uma questão que sempre pairou sobre Paul Walker e ainda hoje paira sobre muitos atores: seria Walker um ator ou uma carinha bonita promovida a estrela de ação em sagas como Fast and Furious?

Uma análise rápida à carreira mostra um crescimento gradual, de secundário em fitas para adolescentes normalmente bem sucedidos até um primeiro êxito em The Skulls (A Sociedade Secreta, de Rob Cohen, 2000). Logo em seguida, o grande sucesso The Fast and the Furious (Velocidade Furiosa, de Rob Cohen, 2001) leva-o ao estrelato, mas não convence a crítica apesar da adoração do público. Quando a sequela desapontou os dois, pensou-se que a saga teria uma morte prematura e que Walker seria provavelmente esquecido, mas o californiano foi-se mantendo à tona graças a êxitos inesperados como Joy Ride (Não Brinques Com Estranhos, John Dahl, 2001), Running Scared (Medo de Morte, Wayne Kramer, 2006) e Eight Below (Antártida, da Sobrevivência ao Resgate, Frank Marshall, 2006) nos quais apresentou qualidades interpretativas assinaláveis. Pelo meio somou alguns fracassos estrondosos dos quais o injustamente esquecido Timeline (Resgate no Tempo, Richard Donner, 2003) foi o nome mais sonante. De resto, quando a saga Fast and Furious regressou pôde voltar a projetos menos comerciais e que conseguiam projetar as suas qualidades. Vehicle 19, já deste ano, é disso mesmo grande exemplo e ainda hei-de falar nele aqui no estaminé.

Ficou por provar se Walker, por si só, conseguiria suportar uma grande aposta comercial. Se teria arcaboiço para aguentar o desafio. Na verdade isso agora pouco importa. Fiquemos com os bons momentos de uma carreira nem sempre regular, nem sempre com interpretações de destaque, mas ainda assim muito meritória.

Thursday, December 05, 2013

MARATONA DE NATAL (Parte III) - Noel (Um Milagre de Natal), Chazz Palminteri (2004)



Há filmes que, por muitas estrelas que tenham no elenco, dificilmente atingem um grande público.As razões para isso podem ser da mais variada índole e não importa, neste espaço, meditar profundamente obre isso. Um Milagre de Natal tem Susan Sarandon, Penelope Cruz, Paul Walker, Robin Williams e Alan Arkin, todos em grande forma, mas nem assim se livrou de uma carreira praticamente inexistente nas salas de cinema. O que leva a algumas questões: valerá a pena o visionamento? Será assim tão mau um filme que nem o elenco estrelar conseguiu fazer sobressair?

A resposta mais imediata é sim, Um Milagre de Natal vale a pena. Essencialmente é um filme honesto, que tenta cruzar histórias tendo a noite de Natal como pano de fundo. A realização do também ator Chazz Palminteri é sóbria, mas deixa sobre os ombros dos atores toda a responsabilidade pelo sucesso da empreitada. No entanto, isso sente-se e, se as histórias em si são bem concebidas e escritas e os atores se mostram comprometidos com o projeto, fica a sensação clara de que poder-se-ia ter ido muito mais longe. O exemplo mais cabal é o do personagem de Robin Williams que fica muito aquém do evidente potencial.

Um Milagre de Natal não é um filme essencial, nem sequer para a época festiva. É uma obra correta e escorreita que peca por não ser mais ambiciosa, mas que, por outro lado, é capaz de, aqui e ali, tocar os mais desprevenidos.

Recomendado para: ver na noite de Natal, antes do jantar, para aquecer o povo em lume brando.

Curiosidade: o DVD do filme foi lançado apenas 48 horas depois da estreia do filme!

Classificação Filmes Esquecidos: ***
Classificação imdb: 6,2
Comentário chunga: mas por que é que a Susan Sarandon não se atirou à água e abanou o filme de vez?

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Wednesday, December 04, 2013

MARATONA DE NATAL (Parte II) - Polar Express (O Expresso Polar), Robert Zemeckis (2004)



Muitos realizadores há cuja obra me apaixona, por um ou vários motivos. Gente que vai desde o mais óbvio - Steven Spielberg, Francis Ford Coppola, Christopher Nolan - ao para muitos inimaginável - Richard Linklater, Luc Besson, Gore Verbinsky. No entanto, se tivesse de escolher um de entre todos como o MEU PREFERIDO de sempre, esse alguém teria de ser Robert Zemeckis. O motivo é simples: há tanta variedade e qualidade na sua filmografia que poderia facilmente gastar uma semana só a ver filmes seus que sei que nunca me desiludiria. Além disso, é dos poucos realizadores capazes de passar do entretenimento mais escapista ao filme com mensagem sem vacilar sequer por um momento. Poderia até referir a magia e criatividade da saga Regresso ao Futuro (Back to the Future I, II e III, 1985, 1989 e 1990), mas seria injusto esquecer tantas e tão boas obras, algumas das quais já falei aqui ao longo dos anos.

Quando o homem se decidiu enveredar pelo cinema de animação não me opus, considerando que a experiência Quem Tramou Roger Rabbit? (Who Framed Roger Rabbit?, 1988) tinha corrido excepcionalmente bem. Não esperava eu é que Zemeckis começasse por um conto de Natal de raiz clássica. Polar Express conta a história de um menino que está a passar pelo sempre traumático momento da constatação de que o Pai Natal não existe. Uma noite, um misterioso comboio pára junto à sua casa e anuncia o Polo Norte como destino final. A viagem que se segue é puro deleite visual, uma daquelas experiências plenas de ilusão que fazem automaticamente valer o bilhete de cinema. A narrativa em si é simples e dirigida essencialmente a um público mais infantil. Para esses, este poderá ser o filme que marca uma infância. Para os outros, será o recordar nostálgico de um tempo que foi e não volta.

E Zemeckis acertou outra vez. E eu continuo a gostar muito dele.

Recomendado para: Crianças em dúvida e adultos com a criança bem viva dentro de si.

Curiosidade: O nome do menino que é personagem principal do filme nunca é mencionado.

Classificação Filmes Esquecidos: ****
Classificação imdb: 6,5
Comentário chunga: Caminhar em cima de um comboio cheio de neve e à noite. Pois sim...

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MARATONA DE NATAL (Parte I) - It Happened on Fifth Avenue (Aconteceu na 5ª Avenida), Roy Del Ruth (1947)



E começamos a nossa maratona de Natal com uma obra perdida no tempo, apesar do reconhecimento obtido na época de estreia. Aconteceu na 5ª Avenida poderia facilmente ter sido realizado por Frank Capra, pois absorve todos os seus ideais de bondade e partilha para contar a sua história. Um sem abrigo (Victor Moore) habituou-se a ocupar, todos os invernos, a casa de um milionário (Charles Ruggles), cuidando dela e ali vivendo como se a mansão fosse sua. Até que um dia, o acaso e a generosidade levam a que acabe a partilhar o seu refúgio com mais algumas pessoas em dificuldades... e com a desavinda filha do próprio milionário. 

A história vai por aí fora no que se poderia facilmente tornar um filme desconexo e sem grande sentido, mas o desenrolar bem engendrado juntamente a diálogos e personagens deliciosos - o argumento de Herbert Clyde Lewis e Frederick Stephani foi nomeado para o Oscar - tornam Aconteceu na 5ª Avenida num daqueles pedaços de cinema ideiais para ver com a família na época natalícia. Um filme que aquece o coração.

Recomendado para: ver junto à lareira.

Curiosidade: A história foi adquirida pela Liberty Films de Frank Capra antes de finalmente parar nas mãos de Roy Del Ruth.

Classificação Filmes Esquecidos: ****
Classificação imdb: 7,4
Comentário chunga: A sério que este gajo agora recomeda filmes a preto e branco??


Monday, December 02, 2013

Maratona de Natal!


Com o Natal a chegar, reparo que esta época do ano tem vindo a perder protagonismo nos meios de comunicação ligados ao cinema. Por um lado, na televisão aposta-se essencialmente em grandes estreias e blockbusters, por outro, nas revista, desapareceram os especiais dedicados ao cinema natalício. Sendo assim e assim sendo, o Filmes Esquecidos decidiu colmatar a falha e, a partir de hoje e até ao dia 25, dedicará o seu espaço a obras mais ou menos conhecidas e mais ou menos esquecidas, todas sob a égide do Natal. Juntem-se a nós nesta viagem que promete surpresas e descobertas.