Os anos 70 foram, dizem os críticos, de ouro para o cinema norte-americano. Grande parte dos hoje mais conceituados clássicos foram concebidos nessa década e se ninguém esquece O Padrinho (Francis Ford Coppola, 1972), O Caçador (Michael Cimino, 1978), Fim-de-Semana Alucinante (John Boorman, 1972) ou Escândalo na TV (Sidney Lumet, 1976), outros há que o tempo se encarregou de fazer esquecer, quantos deles injustamente.
Entre essas obras situa-se Sonhos do Passado, realizado pelo hoje subvalorizado e algo esquecido John G. Avildsen, mais tarde reconhecido por Rocky (1976) e Momento da Verdade (o famoso Karate Kid, de 1984).
Em 1973, realizou este Sonhos do Passado que nos apresenta Harry, um administrador de uma empresa têxtil que, como se não bastasse estar a passar por uma crise de identidade, ainda tem que lidar com uma situação de crise iminente e grave na empresa que gere. O filme é um retrato sincero e visceral de um certo desencanto patente numa geração que teve de lidar com o pós-guerra do Vietname e com as feridas que o país deixou por cicatrizar. Lemmon, que aqui venceu o seu segundo Oscar, encarna o papel de Jack com uma garra que se torna impossível passar indiferente ao seu desespero e a uma certa mágoa que carrega dentro de si. Ele, assim como o brilhante argumento de Steve Shagan são quem realmente se destaca numa obra que é o retrato do fim do sonho americano, do desencanto efetivo.
Um filme inesquecível.
Recomendado para: quem tem saudades de um certo cinema adulto completamente descomprometido.
Classificação filmes esquecidos: *****
Classificação imdb: 7,0
Comentário chunga: um yuppie, uma hippie, uma noite. Não há sexo. Pffff!
Jack Lemmon, sobre as dificuldades do seu papel no filme.