Monday, September 27, 2010

Clássicos de Garagem (o regresso!)


Não deixa de ter a sua piada ver um filme como The Expendables (Os Mercenários, em tuga) nas salas de cinema em pleno século XXI. Porque The Expendables não é apenas um filme de acção como tantos outros. É um filme de acção que baseou toda a sua campanha publicitária em redor de um elenco quase todo composto por has beens e wannabes do cinema de acção. Gente que há 20 anos estaria (e esteve mesmo) na berra encabeçando uma das centenas de produções da Cannon ou, com um bocadinho mais de sorte, de uma Carolco. Foram tempos de glória, dizem-me alguns amigos, aqueles que viram pontificar estrelas da arte de bem arrear pancada ou destruir cidades como Sylvester Stallone, Arnold Schwarznegger, Jean-Claude Van Damme, Steven Seagal, Jeff Speakman, Chuck Norris, Michael Dudikoff, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Wesley Snipes ou mesmo Bruce Willis nos seus imortais Die Hard. Sim, porque também havia bons filmes entre os clássicos série B de videoclube que alugávamos aos cinco e seis de cada vez, revendo-os até à exaustão.

The Expendables não é um grande filme. Na verdade é um filme mediano que triunfa por apenas querer ser uma homenagem honesta a esses clássicos de videoclube do calibre de Braço Exterminador ou Missão Cobra (o 1 e o 2, já agora). Nem a história tenta ser melhorada, apesar de um excelente monólogo de Mickey Rourke e um bom vilão de Eric Roberts. The Expendables é aquilo que promete, nem mais nem menos, mas com uma ressalva: as cenas de acção são infinitamente melhores do que eram nos anos 80, e Stallone tem a auto-ironia suficiente de se deixar levar uma sova das antigas, daquelas que só ele poderia dar nos filmes de antigamente.

A pergunta que o sucesso que um filme destes (250 milhões de dólares pelo mundo fora falam por si) poderia significar no panorama cinematográfico em si, era a de se não estaríamos perante uma nova moda dos filmes de acção "à antiga". Sinceramente, não sei responder a isso, mas um primeiro indício do que pode estar para acontecer, chegou-me hoje aos olhos, sob o título Havana Heat.

O Tayrona Entertainment Group, que nunca produziu nada de jeito na vida, quer agora fazer-se ao piso e sacar de mais um êxito revivalista. Para isso, nada melhor do que seguir o exemplo do bem-sucedido filme de Stallone e juntar umas quantas estrelas esquecidas. Assim, teremos um Wesley Snipes ainda a contas com problemas relacionados com o fisco, um Michael Dudikoff regressado após um hiato de oito anos, Joey Lawrence e mais uma série de actores especialistas em artes marciais da nova geração. Mas as intenções não ficam por aqui. O chefe da produtora anunciou que enviou recentemente convites a Chuck Norris e a Van Damme para se juntarem à produção e fazerem deste Havana Heat um filme acontecimento no Inverno de 2011. Conseguirão? Aceitam-se apostas, mas o que parece já seguro é que a acção abrutalhada terá mesmo vindo para ficar.


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