Thursday, March 29, 2012

American Pie, e como a tarte ainda parece fresca...


A saga American Pie conhecerá em breve, e contra todas as probabilidades, mais um capítulo, na forma da reunião dos personagens que começaram a lenda nos idos de 1999. É engraçado perceber que aquilo que, à partida, parecia apenas mais um descerebrado filme para adolescentes se tornou num fenómeno que fez rir, mas também foi capaz de apaixonar uma geração de espectadores.

Todo este fenómeno dá que pensar. No início, era apenas um grupo de adolescentes em busca da sonhada concretização sexual e da afirmação pessoal. Evocavam-se estereótipos e clichés e apostava-se forte nas cenas de cariz mais ou menos erótico, na concretização da fantasia imberbe.

Um ano depois, o tal seguinte, a afirmação pessoal era já coisa do passado e agora o que realmente interessava era o "mais". O mais forte, o mais intenso, o simplesmente mais. Abusava-se nas situações insólitas para esconder a falta de alma. Era para os grupos de rapazes adolescentes aquilo que Over the Top (O Lutador, de Stallone) representava para as assembleias de camionistas: puro deleite onanista.

No terceiro surgia o amor. Sim, mesmo que o grupo de amigos já lá não estivesse todo e das mulheres só restasse a pervertida e terna Michelle (Alyson Hannigan). De todos, seria o mais sentimental, mas nem por isso o mais sentido. Era um Stiffler show, no que melhor e pior o conceito sugere.

Depois... depois veio o imortalizar da saga, com os inevitáveis spin-offs a fazer render o peixe sob a lenda. Não se pretendia muito, não se tinha muito. Mas o bom do pai do Jim (o imortal Eugene Levy) que já tinha sido estela respeitável na comédia dos anos 80, ainda lá estava, a dar o corpo ao manifesto, emprestando alguma integridade e graça a um produto que caminhava definitivamente para o esquecimento.

Treze anos depois da primeira vez, o que leva então o povo a pedir uma reunião desta gente, que mal carreiras teve no pós-tarte? A resposta parece só poder ser dada pela própria saga: gargalhadas escatológicas servidas por personagens com quem aprendemos a rir e... a crescer. Porque, em cada um de nós, há um pouco da inocência do Jim, da sinceridade ingénua do Kevin, da descoberta do Oz, da vontade do Finch e do... bem, talvez de nada do Stiffler. E porque sabemos que, à partida, pelo menos esta reunião de antigos colegas não desiludirá... ao contrário de outras mais reais.

Pelo meio desta multimilionária saga, fica, claro, uma fatia mais esquecida. O "secreto" disquinho dá pelo nome de American Pie Revealed, e consiste em mais de três horas com os bastidores da série original (até ao terceiro tomo, portanto), repleta de histórias, cenas cortadas, e muito, muito material que nenhum fã desejaria perder. Aconselho a compra, vale mesmo a pena.

E, no dia 6, lá nos veremos, agora menos adolescentes, a partilhar momentos menos maduros com os nossos amigos de outrora, e a pensar no que mudou pelo caminho. Até à vista, rapazes.




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