Wednesday, December 13, 2006

Star 80, de Bob Fosse (1983)


Para quem acredita que os nossos canais de televisão generalistas ainda podem surpreender, a noite do passado dia 6 deverá ter sido uma alegria: a RTP1 transmitiu, pelas 00h30, o filme Star 80, uma daquelas raridades tão raras que, segundo me consta, nem edição em DVD teve até hoje.
Para quem não sabe, o filme retrata a vida de Dorothy Stratten (Mariel Hemingway), uma jovem empregada de mesa que, mais tarde viria a ser uma das mais famosas playmates da Playboy, a sua relação com o "galifão" Paul Snider (Eric Roberts em topo de forma) e o posterior fim trágico após envolvimento com o realizador Peter Bogdanovich (que dirigiu, por exemplo The Last Picture Show e que, no filme, é denominado "Aram" por problemas logísticos).
Para quem, como eu, estava por dentro do caso, o filme não trouxe grandes novidades pois a reprodução de personagens e situações é fiel. No entanto, Bob Fosse (o mesmo do brilhante Lenny) soube trazer um olhar de cinema a uma história que facilmente poderia descambar no mais "dramalhão" dos filmes provenientes de Hollywood. Para isso, contou com um conjunto de actores na melhor das formas, conseguindo criar um envolvente ambiente dramático de "cortar à faca".
Quem, como eu, teve a sorte de o apanhar (e gravar, para mais tarde recordar, burum) diga de sua justiça. Quem não viu terá de esperar que a RTP o volte a transmitir, o que até pode não vir a demorar muito dado que os filmes transmitidos na "Ultima Sessão" repetem com frequência.
Duas curiosidades:
1)a casa - e o quarto - onde se dá o fim trágico do filme é o mesmo onde aconteceu a cena na vida real. 2)quem estiver interessado em saber mais detalhes sobre a história veja aqui http://www.franksreelreviews.com/shorttakes/stratton.htm e o telefilme Death of a Centerfold: The Dorothy Stratten Story (Gabrielle Beaumont, 1981)

Big Wednesday (Os Três Amigos), de John Milius (1978)


John Milius é o "destruidor" que fez Conan the Barbarian (um bom filme, para os que ainda duvidam), o "fascista" que destruiu comunistas e afins em Red Dawn (Amanhecer Violento em pt, para os curiosos), o incansável apoiante da National Rifle Association. E é também o "génio" por detrás do argumento de Apocalypse Now.
Então John Milius por detrás de um filme de surf? Os muitos que desconhecem Big Wednesday (Os Três Amigos), que o obreiro de Dillinger escreveu e realizou em 1978, poderiam, desconfiados, suspeitar que, por detrás de uma onda ou escondido atrás de uma prancha, estaria um qualquer elemento de um grupo terrorista pronto a entrar em acção.
Mas não!
Big Wednesday é a história de três amigos (Jan-Michael Vincent, William Katt e Gary Busey), que crescem a surfar juntos eque a comunidade local aprende a admirar. Porém, o crescimento e a passagem à idade adulta não se revela fácil de enfrentar pelo que a separação destes três jovens parece ser um desfecho inevitável... ou será que não? Milius tem arte suficiente para não deixar cair a sua história numa sucessão de clichés redundante evitando estereotipar os personagens e dando-lhes credibilidade dramática suficiente para suportar as mais que muitas voltas que a história dá (e não são demais, acreditem!). Mas o grande mérito do argumentista/realizador está no facto de ter optado por tornar esta história num libelo sobre a perda da inocência e sobre as incertezas de um futuro que não queremos enfrentar. Os actores são muito convincentes e ajudam a converter este "filmezinho de surf" num objecto de culto que urge ser descoberto. Ou como alguém dizia no IMDB "The Greatest Surf Movie Ever Made"! Se fosse só isso...

Monday, November 20, 2006

Patrick Dempsey - um dos velhos "heróis"...


É sempre reconfortantever os nossos ídolos de outrora, gente que o passado "engoliu" num mar de escolhas erradas ou menos valorizadas, ressurgir em pleno nos dias que correm. Patrick Dempsey é um desses casos. De adolescente estrela a jovem adulto ignorado foi um passo. Muitos ainda se lembrarão em comédias adolescentes dos anos 80 como In The Mood (1987), Some Girls (1988), Happy Together (1989) mas principalmente Can't Buy Me Love (Namorada Aluga-se, 1987), um pequeno filme que foi um sucesso um pouco por todo o lado e que em Portugal é ainda hoje rodeada por um certo culto. A década de 90 foi, porém, uma travessia no deserto para Dempsey. Não em termos de volume de trabalho, que nunca faltou, mas em termos de visibilidade, sendo "vítima" de Mobsters (O Império do Mal, 1991), a ambiciosa produção que reunia alguns dos mais talentosos jovens da altura (além de Dempsey, também Christian Slater, Richard Grieco, Lara Flynn Boyle e Chris Penn estavam lá) e que se revelou, para qualquer um deles, um fracasso demasiado penoso sobre as suas ainda frágeis carreiras. Dempsey ressurgiu já adulto, de forma mais consistenste, em alguns episódios da série Once and Again (Começar de Novo, transmitida entre nós pela RTP2 e pela SIC Mulher, 2002), como o irmão deficiente da protagonista e, mais tarde, em papéis de destaque nos filmes The Emperor's Club (O Clube do Imperador, 2002) e, principalmente, no êxito Sweet Home Alabama (A Diva da Moda, 2002) onde dava vida ao namorado rico e famoso de Reese Witherspoon. Dempsey estava lançado de novo e não desaproveitou a oportunidade que o destino lhe ofereceu. Em 2006 surge em definitivo como estrela consumada devido ao êxito surpresa da televisão, Grey's Anatomy (Anatomia de Grey, 2006), que neste momento é transmitida por cá na RTP1 e na qual encarna um jovem médico. O sucesso de Grey's Anatomy, que já leva três temporadas sem revelar sinais de cansaço, catapultou de novo e em definitivo Dempsey para as capas de revista, tendo sido eleito pela People como o 2º Homem mais sexy do ano, logo a seguir ao "peso-pesado" George Clooney. A série em questão é realmente excelente e Patrick Dempsey está no seu melhor, pelo que merece inteiramente este seu "regresso". Mas que saudades daqueles tempos...

Tuesday, November 14, 2006

The Emerald Forest (A Floresta Esmeralda), de John Boorman (1985)


Neste regresso aqui ao blog, trago-vos notícias de um filme que desconhecia e que, pelo que me pude informar, teve alguma repercussão comercial por alturas da sua estreia, mas do qual hoje pouca gente se lembra: The Emerald Forest, do sempre interessante John Boorman. O filme retrata a história de um empreiteiro (Powers Boothe), que passa dez anos em busca do filho mais novo raptado pelos indios da Amazónia. Porém, quando o encontra, nada é como antes e a criança, agora adolescente, está perfeitamente adaptada ao meio em que vive. Ao dar o papel da criança ao seu filho Charley Boorman, o pai John (realizador do filme) jogou uma cartada triunfal para que este seu projecto chegasse a bom porto. A interpretação do "puto" é tão cativante e carismática que nos prende imediatamente ao filme e nos faz identificar com a sua situação e as suas atitudes impregnando o filme de uma aura mística que em tudo favorece o desenvolvimento da história que se quer sentida, mas não demasiado lamechas. Um verdadeiro triunfo!

Friday, September 29, 2006

I Wanna Hold Your Hand (Beatlemania), de Robert Zemeckis (1978)


Desde sempre, Robert Zemeckis ocupa um lugar muito especial no meu coração de cinéfilo. É, sobretudo, um homem que soube fazer da sua carreira uma colecção de obras-primas que em muito têm contribuído para contrariar uma frequentemente errada noção de que o cinema comercial americano se pauta por uma mediocridade latente. Filmes como Em Busca da Esmeralda Perdida (Romancing the Stone, 1984), Regresso ao Futuro (Back to the Future, 1985), e sequelas, Quem tramou Roger Rabbit? (Who Framed Roger Rabbit, 1988), A Morte Fica-vos Tão Bem (Deathe Becomes Her, 1992), Forrest Gump (1994), O Náufrago (Cast Away, 2000) e A Verdade Escondida (What Lies Beneath, 2000) são o exemplo acabado de uma versatilidade a toda a prova e daquilo a que habitualmente chamamos "a magia do cinema". No entanto, poucos se lembrarão daquele que foi o seu primeiro filme, Beatlemania (I Wanna Hold Your Hand, de 1978), uma obra delirante com a qual me cruzei recentemente no Canal Hollywood. A história é simples e remete-nos para um grupo de adolescentes que é capaz de fazer qualquer coisa para conseguir assistir à primeira actuação dos Beatles em solo americano, no célebre Ed Sullivan Show. Tudo neste filme é inocente, desde os personagens às situações que eles percorrem, passando mesmo pela história base do filme. No então, esta inocência não é involuntária mas sim uma marca com a qual Zemeckis define o tom da sua primeira obra. As interpretações são de primeira água e o argumento, co-escrito com o velho comparsa Bob Gale, consegue captar toda a atmosfera de loucura, acrescentando-lhe a dose de ternura necessária para fazer deste filme uma das pérolas a descobrir! Depois não digam que eu não avisei...
Obs.: Não existe em DVD, em edição nacional.

Thursday, September 21, 2006

Japanese Story (Uma História Japonesa de Amor), de Sue Brooks (2003)


Chegou-me ontem às mãos um exemplar deste tocante filme, no qual Sue Brooks conta a história de uma "informática" (Toni Collette) destacada para vender um software a um japonês de visita aos EUA (Gotaro Tsunashima) acabando por embarcar com ele numa viagem pela Austrália profunda, onde nascerá uma improvável história de amor.

Japanese Story (Uma História Japonesa de Amor, em português) será sempre uma espécie de OVNI cinematográfico apresentando um ritmo lento e uma cadência que não agradará às massas. Também não tem um elenco de estrelas, apesar do já bem conhecido nome de Toni Collette (Sexto Sentido, Era Uma Vez Um Rapaz). Por outro lado, não conta uma história original: duas pessoas vindas de mundos diferentes apaixonam-se no mais improvável dos cenários e das situações. No entanto, há uma conjugação de elementos que faz deste filme uma das maiores surpresas e uma das maiores satisfações do meu ano cinematográfico: a interpretação de Toni Collette é a todos os níveis brilhante mostrando uma versatilidade digna de um mais vasto reconhecimento; os diálogos e as situações passadas entre a sua personagem e a de Gotaro Tsunashima conseguem criar uma envolvência capaz de desarmar o espectador mais céptico. As pequenas inconsistências existentes no argumento não chegam para que, no final do visionamento, não o queiramos ver logo a seguir outra vez. Uma grata surpresa.

Wednesday, July 12, 2006

Summer Lovers (Amantes de Verão), de Randal Kleiser, (1982)

Randal Kleiser pode ser um realizador de trazer por casa (que até não é) e ultimamente até pode não fazer grande coisa que se veja, mas há que reconhecer que, dentro do mais comercial cinema americano das últimas décadas, deixa uma indelével marca na memória colectiva cinéfila, através de obras (e êxitos) como Blue Lagoon, Grease, White Fang, Grandview USA e este Summer Lovers de que hoje vos falo. Summer Lovers é o típico filme de Verão na mais directa acepção do termo. Tem praia, tem jovens, corpos bonitos e tem uma hitória de amor a aquecer o ambiente. Mas há algo que em muito ultrapassa isso que o torna num espécimen incontornável entre os "summer movies" da vida. E é nisso que Randal Kleiser é mestre, na criação de um ambiente em que nos sentimos cúmplices e, mais do que isso, em que sentimos que partilhamos aquilo que os personagens sentem. Mas acima de tudo, é o poder de envocar a fantasia que há em nós que torna este Summer Lovers num dos mais belos filmes de Verão que há memória. Pena aquele final tão... tão... mas pronto, o filme é bom mesmo assim! :)

Thursday, June 22, 2006

Saved! (Quem Nos Acode?), de Brian Dannelly (2004)


Assistir a este Quem nos Acode? Sem pré-aviso ou acompanhado de “almas” sem capacidade para ver para lá do óbvio pode acabar mal. Isto porque este filme de Brian Dannelly é tão irónico, tão sarcástico que pode ferir mentes mais conservadoras e sem abertura mental suficiente para encarar, com um sorriso aberto, alguns dos dogmas mais enraizados na sociedade (tal como aconteceu com o também bom, mas desequilibrado Dogma). A história gira em torno da adolescente Mary (a brilhante e ainda não totalmente descoberta Jena Malone) que engravida acidentalmente ao tentar “curar” o seu namorado gay. Se a premissa em si já é bastante sugestiva, o relaizador não deixa os créditos por mãos alheias e consegue aproveitar a maior parte das oportunidades que tem para desenvolver a sua história de forma envolvente e com muito, mas mesmo muito humor negro à mistura. O elenco vai todo muito bem (Macaulay Culkin está impagável no seu regresso!) e o filme é equilibrado o suficiente para nos fazer rir e pensar um pouco, não apenas naquilo em que acreditamos, mas também porque acreditamos. Uma pequena pérola!

Monday, April 24, 2006

Simple Lies a.k.a RX, de Ariel Vromen (2005)


Simple Lies não é uma obra-prima. Longe disso. Provavelmente não vai ficar na história por nenhum motivo e o mais provável é que não fará nada pelas carreiras dos actores envolvidos, isto porque a sua distribuição, mesmo nos EUA, foi muito limitada. Mas sinceramente gostei de o ver. Foi uma surpresa agradável, esta história de 3 amigos (Eric Balfour, Lauren German e Colin Hanks) que viajam até ao México em busca de alguns prazeres proibidos e trazem de lá a tragédia inerente a actos irreflectidos. Simple Lies não é um filme fácil de ver. É lento, muito pausado e com um ritmo que pode impelir os mais desprevenidos à soneca. Algumas vezes quer ser mais do que é, outras vezes leva-se demasiado a sério, tem um argumento risível e está, portanto, longe de atingir a perfeição. Mas eu gostei. Querem tentar também?

Friday, March 31, 2006

Biloxi Blues (Os Rapazes de Biloxi), de Mike Nichols (1988)


Neil Simon, não obstante uma vida pessoal bastante conturbada, conseguiu, com o passar dos anos, impôr-se em Hollywood com uma respeitosa obra que deu origem a filmes tão emblemáticos como The Odd Couple, The Heartbreak Kid, Plaza Suite ou The Sunshine Boys. Em 1988, Mike Nichols decidiu adaptar a segunda parte da sua "autobiografia não-oficial" (a primeira foi Brighton Beach Memoirs, de Gene Sacks, e a terceira Broadway Bound, um telefilme de Paul Bogart) dando assim origem a Biloxi Blues, o mais perfeito filme da trilogia. Desta vez encontramos um Eugene Jerome (Matthew Broderick) com aspirações a escritor e emplena preparação militar para a Segunda Grande Guerra. Nesta fase ele e os seus colegas de caserna são confrontados com um tiranico Sargento (Christopher Walken) que os vai, eventualmente, fazer perceber que nem só de amizade e compadrio vive a fase da recruta militar. Neste filme não há personagens perfeitos, todos têm os seus defeitos e virtudes o que eleva ainda mais o seu nível, sendo que Nichols consegue mesmo duas cenas antológicas: a de Eugene com a prostituta, e o confronto final entre o recruta e o sargento. Talvez pudesse ser dada um pouco mais de relevância e ternura ao romance entre Eugene e Daisy (Penelope Ann Miller) mas se calhar já era pedir demais...

Monday, March 20, 2006

A Christmas Carol (Espírito de Natal), de David Jones (1999)


Com um obra profundamente rica, Charles Dickens atingiu o seu pico de fama com o conto A Canção de Natal (A Cristmas Carol, no original) que, por diversas vezes já foi adaptada pela 7ª arte, desde o velhinho Scrooge com Albert Finney e Alec Guiness na versão dos anos 70, ao Scrooged que Richard Donner desastradamente realizou nos anos 80, passando muitas outras versões da mesma história. Em 1999, David Jones, realizador pouco conhecido que atingiu o seu pico com Betrayal, de 1983, dirigiu mais uma adaptação do clássico de Dickens para a TV por cabo, Hallmark (que, por falar nisso, já começa a dar-nos provas de qualidade em termos de produções deste género). E foi através desse mais suspeito meio que é a televisão, que surgiu uma das melhores, mais belas e mais fieis adaptações deste conto. Patrick Stewart encarna a pele de Ebenezer Scrooge, um velho solitário cuja avareza o distingue dos seus conterrâneos. Nem no Natal a sua única face se altera. Isto até ser visitado pelos fantasmas do Natal Presente, Passado e Futuro, que o vão fazer alterar a sua forma de encarar a vida. Desde o adequado ambiente de época, passando pelo magníco guarda-roupa e acabando em interpretações acima da média, tudo resulta neste telefilme com selo de qualidade que merece ser visto por todos os avarentos do mundo. A ver se isto muda um bocado... ;)

Monday, March 13, 2006

Dazed and Confused (Juventude Inconsciente), de Richard Linklater (1993)


Richard Linklater é um daqueles realizadores de culto cuja expectativa sobe sempre de obra para obra. Ele escreve com tanto de imaginação como talento e tem algo que começa a rarear um pouco nos cineastas de hoje: uma superior capacidade de observação e de exposição dos mais variados sentimentos e situações humanas, por mais difíceis que estas sejam de transpor para o papel e, posteriormente, para o ecrã. Dazed and Confused não foi o filme que tudo começou - isso aconteceu com o brilhante Slacker estreado dois anos antes - mas foi uma prometedora segunda obra que hoje parece ser lembrada por poucos. O filme retrata o último dia de aulas para um grupo de adolescentes do Texas e as desventuras que atravessam. Podia ser apenas mais um teen movie, mas Linklater faz uso do seu "olho clínico" para conseguir tirar das suas situações e dos seus actores o maior grau de realismo possível, tornando assim o filme muito mais intenso e não raras vezes tocante. Aqui não há personagens perfeitas. Mas há um filme a roçar a perfeição. Imperdível!

Tuesday, February 21, 2006

Stealing Beauty (Beleza Roubada), de Bernanrdo Bertolucci (1996)


Há muito quem diga que este não é um filme esquecido, que não falta quem se lembra dele mais não seja por ter sido realizado por Bernardo Bertolucci. Mas o objectivo principal deste blog passa precisamente por levar estes filmes ao conhecimento de um público mais alargado que não os simples moviegeeks pelos quais nutro o mais profundo respeito.
Stealing Beauty não é um filme para agradar a todos, nem sequer à maioria. É a simples história de Lucy (Liv Tyler), uma adolescente que, após a morte da sua mãe, parte em viagem para Itália com o intuito de tirar algumas dúvidas sobre o seu passado. Pelo meio vai óbviamente descobrir mais do que esperava.
Em Stealing Beauty tudo é diferente mas Bertolucci é igual a si próprio, não abdicando da sua marca autoral, mesmo quando o objectivo é apenas contar uma história. As ambiências aparentemente pacatas e ao mesmo tempo provocantes e sugestivas estão lá mas disfarçadas num pacato quadro familiar onde pouco é realmente aquilo que parece. O italiano é servido por um excente naipe de actores onde, além de uma cintilante Tyler se incluem Jeremy Irons ou a recém-vencedora do Oscar de melhor actriz secundária por The Constant Gardener, Rachel Weisz.

Sunday, February 12, 2006

Havoc, de Barbara Kopple (2005)


É estranho que um filme como Havoc passa despercebido em todo o mundo ainda que tenha uma temática não só actualíssima como urgente. Alisson (Anne Hathaway) e o seu grupo de amigos teenagers são brancos mas fazem tudo para parecer negros, para ter "atitude". Formam assim os PLC uma espécie de gang que se propõe apenas "curtir" a vida. No entanto, a busca incessante por novas experiências leva Alisson e as amigas a visitar os subúrbios de Los Angeles e a conhecer a verdadeira realidade dos gangs e das diferenças raciais culminando numa espiral de auto-destruição. Havoc não entra por caminhos fáceis muito por mérito do argumentista Stephen Gaghan (de Traffic e realizador do recente Syriana) que tenta evitar os clichés do género. Mas a grande surpresa virá, porventura, de Anne Hathaway que nos habituamos a ver no papel de princesa nos Diários da Princesa de Gary Marshall, e que aqui arrisca num personagem desregrado e com muito, muito carisma. Havoc não é um filme perfeito, longe disso, mas merecia melhor do que o direct-to-video a que foi vetado internacionalmente. A descobrir...

Tuesday, January 31, 2006

O Careca Dourado, versão 2006

Ainda que este blog não se faça exactamente de notícias como esta, as nomeações aos Oscar deste ano deixaram-me de tal forma bem disposto que não resisto a divulgá-las aqui, junto com uma apreciação minha acerca delas:
ACTOR PRINCIPAL
Philip Seymour Hoffman - CAPOTE
Terrence Howard - HUSTLE & FLOW
Heath Ledger - BROKEBACK MOUNTAIN
Joaquin Phoenix - WALK THE LINE
David Strathairn - GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.

ACTOR SECUNDÁRIO
George Clooney - SYRIANA
Matt Dillon - CRASH
Paul Giamatti - CINDERELLA MAN
Jake Gyllenhaal - BROKEBACK MOUNTAIN
William Hurt - A HISTORY OF VIOLENCE

ACTRIZ PRINCIPAL
Judi Dench - MRS. HENDERSON PRESENTS
Felicity Huffman - TRANSAMERICA
Keira Knightley - PRIDE & PREJUDICE
Charlize Theron - NORTH COUNTRY
Reese Witherspoon - WALK THE LINE

ACTRIZ SECUNDÁRIA
Amy Adams - JUNEBUG
Catherine Keener - CAPOTE
Frances McDormand - NORTH COUNTRY
Rachel Weisz - THE CONSTANT GARDENER
Michelle Williams - BROKEBACK MOUNTAIN

FILME DE ANIMAÇÃO
HOWL'S MOVING CASTLE
TIM BURTON'S CORPSE BRIDE
WALLACE & GROMIT IN THE CURSE OF THE WERE-RABBIT

DIRECÇÃO ARTÍSTICA
GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.
HARRY POTTER AND THE GOBLET OF FIRE
KING KONG
MEMOIRS OF A GEISHA
PRIDE & PREJUDICE

FOTOGRAFIA
BATMAN BEGINS
BROKEBACK MOUNTAIN
GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.
MEMOIRS OF A GEISHA
THE NEW WORLD

GUARDA-ROUPA
CHARLIE AND THE CHOCOLATE FACTORY
MEMOIRS OF A GEISHA
MRS. HENDERSON PRESENTSPRIDE & PREJUDICE
WALK THE LINE

REALIZAÇÃO
BROKEBACK MOUNTAIN
CAPOTE
CRASH
GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.
MUNICH

DOCUMENTÁRIO (LONGA-METRAGEM)
DARWIN'S NIGHTMARE
ENRON: THE SMARTEST GUYS IN THE ROOM
MARCH OF THE PENGUINS
MURDERBALL
STREET FIGHT

DOCUMENTÁRIO (CURTA METRAGEM)
THE DEATH OF KEVIN CARTER: CASUALTY OF THE BANG BANG CLUB
GOD SLEEPS IN RWANDA
THE MUSHROOM CLUB
A NOTE OF TRIUMPH: THE GOLDEN AGE OF NORMAN CORWIN

EDIÇÃO
CINDERELLA MAN
THE CONSTANT GARDENER
CRASH
MUNICH
WALK THE LINE

FILME DE LÍNGUA NÃO INGLESA
DON'T TELL
JOYEUX NOèL
PARADISE NOW
SOPHIE SCHOLL - THE FINAL DAYS
TSOTSI

CARACTERIZAÇÃO
THE CHRONICLES OF NARNIA: THE LION, THE WITCH AND THE WARDROBE
CINDERELLA MAN
STAR WARS: EPISODE III REVENGE OF THE SITH

MÚSICA (BANDA SONORA ORIGINAL)
BROKEBACK MOUNTAIN
THE CONSTANT GARDENER
MEMOIRS OF A GEISHA
MUNICH
PRIDE & PREJUDICE

MÚSICA (CANÇÃO ORIGINAL)
"In the Deep" - CRASH
"It's Hard Out Here for a Pimp" - HUSTLE & FLOW
"Travelin' Thru" - TRANSAMERICA

FILME
BROKEBACK MOUNTAIN
CAPOTE
CRASH
GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.
MUNICH

CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
BADGERED
THE MOON AND THE SON: AN IMAGINED CONVERSATION
THE MYSTERIOUS GEOGRAPHIC EXPLORATIONS OF JASPER MORELLO
9
ONE MAN BAND

CURTA-METRAGEM DE IMAGEM REAL
AUSREISSER (THE RUNAWAY)
CASHBACK
THE LAST FARM
OUR TIME IS UP
SIX SHOOTER

EDIÇÃO DE SOM
KING KONG
MEMOIRS OF A GEISHA
WAR OF THE WORLDS

MISTURA DE SOM
THE CHRONICLES OF NARNIA: THE LION, THE WITCH AND THE WARDROBE
KING KONG
MEMOIRS OF A GEISHA
WALK THE LINE
WAR OF THE WORLDS

EFEITOS VISUAIS
THE CHRONICLES OF NARNIA: THE LION, THE WITCH AND THE WARDROBE
KING KONG
WAR OF THE WORLDS

ARGUMENTO ADAPTADO
BROKEBACK MOUNTAIN
CAPOTE
THE CONSTANT GARDENER
A HISTORY OF VIOLENCE
MUNICH

ARGUMENTO ORIGINAL
CRASH
GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.
MATCH POINT
THE SQUID AND THE WHALE
SYRIANA

para já, aqui fica uma primeira apreciação das nomeações aos Óscar.

1) Em primeiro lugar, a minha vénia para a nomeação do regressado (e magnífico) Matt Dillon que, acerta altura, parecia mesmo ter-se já convertido num has been.

2) O Crash é grande e, para minha grande surpresa, não foi esquecido das nomeações. Merece-as inteiramente.

3) Grande surpresa as não-nomeações do Walk The Line nas principais categorias, excepto na de Melhor Actriz e Actor. Parece-me que a Reese Witherspoon levará o Oscar, não apenas pela sua magnífica interpretação, mas também para compensar a falta de nomeações de James Mangold e do filme em si.

4) Capote é muito bom, mas admira-me, sinceramente, um filme deste género merecer tanta atenção por parte da Academia. Aliás, os Oscars deste ano fazem-me muito lembrar determinados festivais de cinema independentes e não uma máquina ao serviço de Hollywood.

5) Goste-se ou não de Spielberg, e eu gosto muito, ele lá está, com o seu Munich. Sejamos sinceros, as nomeações são merecidas mas pergunto-me porquer tardam tanto em dar a devida atenção a um dos melhores actores da sua geração: Eric Bana.

6) George Clooney concorre em três (três!!!!) categorias diferentes - a saber, Actor Secundário em Syriana, Argumento Original e Realização por Good Night, and Good Luck. Rendam-se, definitivamente, àquele que é um dos astros maiores em Hollywood.

7) Brokeback Mountain tem 8 nomeações e merece-as a todas. O filme é muito bom e tanto Ang Lee como os actores são brilhantes.

8) Felicity Huffman lá está, nomeada pelo "seu" Transamérica. Se vencer será muito justo, mas será que o filme chegará a Portugal?

9) Keira Knightley erradia alegria e personalidade na sua actuação em Pride & Prejudice elevando um projecto aparentemente banal à categoria de guity pleasure do ano. A sua nomeação foi uma surpresa que caíu muito bem.

10) The Constant Gardener teve algumas nomeações mas, tendo em conta que é um dos grande filmes do an oi, merecia mais. Onde estão Ralph Fiennes e Fernando Meirelles?

11) Catherine Keener é brilhante e começa a receber a atenção que há muito lhe é devida. Capote trouxe justiça a uma das raínhas do cinema independente.

12) Embora muita gente discorde da minha opinião, considero que Jarhead merecia um pouco mais de atenção por parte da Academia, tal como Lard of War. Nicolas Cage e Jake Gyllenhaal mereciam mais do que tiveram, ainda que o último tenha sido nomeado como Actor Secundário em Brokeback Mountain.

13) Paul Haggis redimiu-se definitivamente por ter criado, em tempos idos, uma coisa chamada Walker, the Texas Ranger. Caso a premiação pelo argumento do bom Million Dollar Baby no ano passado não tenha chegado, a sua nomeação como Realizador e Argumentista por Crash acabam com qualquer dúvida.

14) Alguém tem sempre de ficar de fora mas tenho pena por Matchpoint e A History of Violence que me parecem filmes de eleição. As suas nomeações em categorias menores sabem a pouco.

15) Uma última referência para John Williams que junta à sua interminável lista de nomeações as de Munich e de Memois of a Geisha. Ah, grande homem...

Friday, January 27, 2006

The Public Eye (O Repórter Indiscreto), de Howard Franklin (1992)


Joe Pesci habituou-nos, durante quase toda a sua carreira, a um nível de qualidade de que poucos actores se podem orgulhar. Filmes como My Cousin Vinnie, Jimmy Hollywood, Casino e o seminal Goodfellas fizeram dele um rosto marcante e com direito a que o seu nome esteja escrito a letras de ouro na História do Cinema. Ainda assim, um dos seus maiores momentos foi a criação de Leon Bernstein, o fotógrafo omnipresente, sensacionalista e insensível que um dia se apaixona por uma das intervenientes num caso que acompanha e a polícia investiga (a femme-fatale Barbara Hershey). Tudo nesta obra do argumentista-ocasionalmente-realizador Howard Franklin é belo, desde a fotografia aos diálogos, passando pela composição das personagens e terminando no argumento também obra de Franklin. Nada é o que parece neste filme noir que apenas peca por obedecer em demasia às regras deste tipo de cinema, e talvez por isso se torne por vezes previsível. Ainda assim, são duas horinhas que em nada envergonhariam um Raoul Walsh ou um Howard Hawks.

Thursday, January 26, 2006

Hype!, de Doug Pray (1996)


Tendo vivido o fenómeno grunge mais durante a sua decadência do que propriamente no seu auge, venho hoje recomendar-vos um magnífico documentário chamado Hype!, que o realizador Doug Pray escolheu fazer para começar a sua carreira. É sobre grunge, sobre Seattle, sobre a vida naquela cidade no pré, durante e no pós-grunge. Quem não for apreciador de música ou do fenómeno em particular provavelmente não lhe achará grande piada. Mas os restantes que se cheguem, pois aqui está um filme muito recomendável. Nota-se que Pray faz aqui um labour of love. Tudo aqui é tratado com carinho e algum gozo mesmo que, aqui e ali se note um tratamento demasiado light de uma época que não foi perfeita. Mas está quase tudo lá, entrevistas com os protagonistas, imagens inéditas e conclusões muito verdadeiras (ainda que por vezes dolorosas) acerca de um tempo que foi intenso mas esteve longe de ser perfeito. Ou talvez não... Talvez a maior (única?) fraqueza deste documentário resida no facto de ter sido feito ainda com as lembranças demasiado frescas mas, se isso o torna inevitavelmente menos incisivo, também o torna mais apaixonado. Não se pode ter tudo e, já agora, do mal o menos!!

Chris Penn - A morte aos 40 anos


É uma daquelas notícias que me deixa realmente triste. Chris Penn, actor de 40 anos, irmão do também actor Sean Penn, faleceu esta terça-feira, dia 24, na sua casa em Santa Mónica na Califórnia. Não vou cair no lugar-comum de desatar aqui a chorar (ele até merecia), mas espero que os mais desatentos percebam que estavamos na presença de um grande actor a que nem sempre foram dadas as merecidas oportunidades. A última vez que o vi foi no sofrível Shelter Island, filme no qual nem a talentosa (e também sub-aproveitada) Ally Sheedy se safava, mas recordá-lo-ei sempre em filmes maravilhosos que marcaram uma época como Footloose, Rumble Fish e At Close Range, e já mais recentemente, no grande Reservoir Dogs de Quentin Tarantino, no Short Cuts de Robert Altman ou no The Funeral de Abel Ferrara. Agora que penso bem, e para quem tinha só 40 anos e não era uma estrela de primeira linha,tenho de convir que Chris Penn ainda se safou muito bem. Vou ter imensas saudades dele...

Tuesday, January 24, 2006

U-Turn (Sem Retorno), de Oliver Stone (1997)


Os gostos serão sempre discutíveis e, talvez por isso, venha aqui fazer referência a um espécime ao qual talvez não tenha sido dado o devido valor por alturas da sua estreia no cinema. Falo-vos de U-Turn, o OVNI que Oliver Stone realizou em 1997. Sean Penn encarna Bobby Cooper, um desgraçado que deve dinheiro a alguém bem mais poderoso do que ele. Os problemas surgem quando se encaminha e fica detido numa cidade perdida no meio do deserto, chamada Superior, cujos habitantes são tudo menos pessoas normais. Entendem-se facilmente as razões pelas quais este filme não foi bem recebido, apesar de um elenco de estrelas que inclui o referido Sean Penn, Nick Nolte, Jennifer Lopez, Billy Bob Thornton, Joaquin Phoenix, Claire Danes e Powers Boothe: Stone filma de forma muito estilizada e dá primazia aos diálogos em deterimento do mainstream a que estamos habituados. Nem sempre é fácil ver este U-Turn (e nem sempre pelas melhores razões), mas não se pode negar que é uma delícia e uma pérola que deve ser descoberta.

Colecção de DVDs Fantasporto

Amigos menos atentos, atenção ao jornal Público das sextas-feiras: é que agora, além de trazer o excelente Y, traz também uma colecção de filmes que passaram ao logo dos anos pelo Fantasporto, por apenas mais 8,90€. Para quem, como eu aprecia "aquele" outro cinema, é uma oportunidade a não perder, principalmente porque são filmes aos quais é bastante difícil deitar a mão. Não os deixem fugir!!!

Monday, January 16, 2006

Radio Flyer (A Força da Ilusão), de Richard Donner (1992)


Richard Donner sempre foi um um realizador a ter em conta no panorama do cinema made in USA, mais não seja porque teve sempre presente, na sua obra, uma noção de espectáculo e entretenimento que não raramente nos trouxe gratas surpresas. No entanto, e no meio de uma carreira preenchida com títulos como Superman, Lethal Weapon, Maverick, Assassins ou The Omen, houve um pequeno filme que, embora incompreendido por crítica e público, revelou uma face mais negra de Donner. Falamos de Radio Flyer, a sensível história de dois irmãos cuja violência sofrida por parte do padrasto, os vai levar a embarcar embarcar no Radio Flyer do título, uma espécie de trenó que permitirá superar as suas angústias. Donner dirige com a sensibilidade e o dinamismo necessários uma história nem sempre simples e que facilmente poderia descambar num dramalhão para fazer chorar as pedras da calçada. Elijah Wood e Joseph Mazzello são brilhantes na composição dos irmãos Mike e Bobby, e Tom Hanks faz um cameo como o personagem de Elijah Wood em adulto, sendo, ao mesmo tempo, o narrador da história. Radio Flyer não é um clássico mas será sempre um filme especial. Quem sabe se não é descoberto um dia destes... A minha parte fica feita!!

Monday, January 09, 2006

Cineastas "Perdidos" - Rob Reiner


Por falar em Rob Reiner, as últimas notícias vindas do outro lado do Atlântico dão-me conta de que o seu novo filme, Rumor Has It..., com Jennifer Aniston, Kevin Costner, Shirley MacLaine e Mark Ruffalo deixa muito a desejar, o que me vem lembrar que as últimas experiências deste outrora tão interessante realizador têm sido verdadeiramente decepcionantes. Revejamos, em traços largos, a sua filmografia: a década de 80 é brilhante e traz-nos pérolas como This Is Spinal Tap (uma referência incontornável), The Sure Thing e Stand By Me (clássicos dos teen movies), o brilhante When Harry Met Sally... e termina com o curioso e subversivo Misery que, curiosamente, se viria a tornar, pelo menos até agora, no seu último grande filme. A década seguinte ainda trouxe algumas coisas interessantes como The American President, Ghosts of Mississipi e, em menor grau, A Few Good Men, mas, para além de não atingirem o nível e a classe da sua obra da década anterior, ainda forma intercaladas com outros filmes já bastante desinteressantes. Esperava-se, por isso, com grande curiosidade, por uma nova década para perceber que caminho Reiner tomaria a seguir. Infelizmente, nada de bom augurava o futuro. Alex & Emma era fraquinho e este Rumor Has It... parece ir pelo mesmo caminho (claro que darei o braço a torcer caso se verifique o contrário) pelo que se espera urgentemente por novidades agradáveis de alguém que nos traz tão boas recordações cinéfilas. Será com o próximo Whiskey River?

Mean Creek (Uma Pequena Vingança), de Jacob Aaron Estes (2004)


O que fazer quando uma brincadeira toma dimensões trágicas? E como viver com as consequências dela? Estas são apenas algumas das questões deixadas por Jacob Aaron Estes neste brilhante Mean Creek que há poucos dias descobri num videoclube. Mean Creek é a história de um grupo de amigos que decide vingar-se de um outro rapaz de quem sofriam constantes agressões. Para isso, fazem-se passar por seus amigos e levam-no a um passeio de barco que não correrá da forma esperada. Contar algo mais seria estragar a (grande) surpresa que é esta primeira longa-metragem de Estes, um prodígio de 90 minutos que não só nos envolve na história como nos faz sentir o que os persongens do filme sentem. Do elenco nem vale a pena falar já que até os Independent Spirit Awards decidiram atribuir um prémio especial ao cast do filme. Mas o que ainda acaba por surpreender mais é que um filme tão premiado e com tanto potencial comercial tenha escapado mais uma vez ao olhar dos portugueses entretidos com "coisas" como O Nevoeiro e afins... Este Mean Creek é a versão hard do Stand By Me de Rob Reiner. Uma mui grata experiência!